No ano passado, na véspera do Dia Mundial do Rock, nossa edição lançou uma pergunta: o rock morreu? Um ano depois, aproveitamos a data, comemorada no sábado, dia 13, para dizer que, se depender da galera da Orquestra de Venâncio Aires e de um público fiel às apresentações do grupo, o rock vai continuar bem vivo aqui pelas bandas do município.
Depois de duas apresentações em homenagem ao Rei do Rock, Elvis Presley, no ano passado, a orquestra lotou a Sociedade Olímpica de Venâncio Aires (Sova), no início de junho, com o tributo Queen Will Rock You. Agora, a galera já se prepara para a segunda edição do show, em agosto. É nesse clima, que apresentamos esta edição com opinião de alguns integrantes da orquestra e amantes do rock. Will we rock you: nós vamos sacudir você!
Rock: estilo que une gerações
A verdade é que a galera curte rock. Isso pode ser comprovado nas apresentações da Orquestra de Venâncio Aires (OVA), que já realizou tributos a The Beatles, Elvis Presley e Queen – todos, com grande adesão do público.
Para o maestro Daniel Böhm, 32 anos, o rock é um gênero que une diferentes gerações e faz com que as pessoas prestigiem os shows. Ele revela que o grupo deve começar a trabalhar em um novo tributo, ainda este ano. “A Orquestra já tem experiência com muitos outros gêneros e estilos, o que favorece também outras experiências”, destaca ele, que em 2013 assumiu a regência da orquestra. “Com um grupo muito unido, evoluímos juntos e sempre continuamos buscando o aprimoramento.”

NA GUITARRA
Guilherme Henz Leissman, 22 anos, começou a tocar guitarra há cerca de 8 anos. Ele lembra que já estava na Orquestra de Venâncio Aires e tocava violão, flauta e saxofone quando iniciou no novo instrumento.
O jovem comenta que foi o ciclo de amizades, principalmente o pessoal da orquestra, que o incentivou a escutar rock. “Quando comecei a prestar atenção no rock, percebi o que era música de verdade.”
Guilherme ainda diz que o estilo musical não segue apenas uma linha, que no rock é possível escutar vários estilos juntos. “No rock, se escuta de dance a rock pesado.”
Na adolescência, ele tentou ter algumas bandas, mas ressalta que na cidade se tem dificuldade em divulgar os talentos e acredita que isso tem a ver com a falta de cultura da população em escutar música.
“O que agrada as pessoas é sair para dançar, conversar e se divertir. Poucas param e escutam realmente uma música, independente do estilo que seja. Não temos muitos lugares para tocar aqui em Venâncio Aires e as poucas vezes que temos oportunidade muitas pessoas não apreciam”, observa. Apesar disso, o guitarrista percebe que ainda há adolescentes buscando escutar e fazer rock, e acredita que o estilo pode passar por uma modificação.
“A inspiração de rock normalmente vem dos anos 1970, mas agora estão surgindo novos talentos. As pessoas mudam e o rock pode mudar também.”
GUILHERME HENZ LEISSMAN
Músico
Música desde a infância e o tempo todo
Jessel Souza, de 21 anos, não foi induzido a gostar de música. Na infância, sentar e tocar violão com o pai era uma brincadeira a mais que existia para o guri que, hoje, é professor de música e integrante da Orquestra de Venâncio Aires. Aos 4 anos, ele já cantava e, aos 6 anos, tocava violão. “Eu adorava”, relembra.
Tudo isso contribuiu para Jessel seguir o caminho em que está hoje. No entanto, ainda na época em que estudava na escola Monte das Tabocas, o incentivo do professor Ivo Seidel despertou ainda mais interesse por bandas. “Na época, meus amigos queriam entrar na escolinha de futebol do Monte e eu queria entrar na banda. Foi ali que formei grande parte do músico que sou hoje”, recorda ele, que também sempre contou com incentivo do pai e dos avós.
Há quem conheça Jessel pelas apresentações sertanejas que ele realizou ao lado do pai. “O sertanejo foi uma baita escola que tive e isso acontece até hoje”, conta ele, que trabalha como músico profissional à noite, além de ser professor. “Grande parte do meu repertório ainda continua sendo o sertanejo, devido às influências familiares”, diz.
O gosto pelo rock chegou ainda na adolescência. “Eu brinco que o que eu gosto de ouvir está no pendrive do meu carro. Lá tem desde Zezé di Camargo & Luciano até Guns n’ Roses”, comenta. A missão de interpretar um dos grandes mestres do rock, Freddie Mercury, no tributo ao Queen realizado pela orquestra, permite que Jessel faça o ‘dever de casa’ com prazer. “Meu café da manhã, almoço e todo meu dia tem Queen”, brinca.
O rock é, segundo ele, uma identidade que acabou sendo atrelada à orquestra, mas de forma não intencional. “Acaba que, quando a gente faz aquilo que ama, tocando o que a gente curte ouvir no nosso cotidiano, o resultado é muito melhor. Isso ocorreu ali, então, pra nós, tocar rock é demais”, diz.
“A orquestra em si tem muitos músicos que vêm dessa escola do rock. A gente curte tocar rock porque transmite uma energia maior. Quem não gosta de ouvir rock? Esse rock clássico, que a gente curte escutar, nos dá prazer e traz aquela energia e vontade de extravasar.”
JESSEL SOUZA
Músico

Da maquiagem para o palco
A trombonista e cantora Sthephane Raquel Wagner, 19 anos, começou na Orquestra de Venâncio Aires há cerca de 5 anos. Ela sempre teve envolvimento com a arte, mas ‘se encontrou’ no grupo de música.
A jovem lembra que começou a frequentar a orquestra por meio de seu namorado, que é músico também. No início, ela ajudava como maquiadora das meninas, mas já sabia tocar violão e, no mesmo ano, começou a tocar trombone. “Eu queria tocar saxofone, mas já tinha bastante gente, dai me colocaram no trombone, levou um tempo para me acostumar, mas agora eu adoro”, garante.
Sthephane afirma que é eclética em seu gosto musical, mas o rock é o estilo que mais escuta no cotidiano. “Alguns estilos tendem a puxar para o romantismo, sofrência, mas o rock consegue expressar todas as fases da vida.”
Para ela, o rock não vai morrer, pois existem boas vertentes. “Um exemplo são os antigos artistas que ainda hoje fazem sucesso no mundo e conseguem ter procura na internet, sendo que não são da era digital”, comenta.