Willst du Deutsch sprechen? (Quer falar em alemão?)

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Desde pequena, Yasmin Fernanda Schaefer, 14 anos, tem contato com a língua alemã, pois as avós e os pais costumam se comunicar no dialeto. A estudante da Escola Estadual Ensino Fundamental Pedro Beno Bohn, de Vila Arlindo, fala o básico, mas entende tudo que é dito. Afinal, nos almoços de família, é a língua que predomina.

O incentivo dos pais e da irmã, que também fala alemão, fez Yasmin querer conhecer a língua e não deixar a cultura da família ‘passar em branco’. “Minha mãe fala muito em alemão comigo, para me incentivar e fazer eu treinar”, conta a guria.

Para Yasmin, esse conhecimento é muito importante, pois é uma herança de família que deve ser passada para outras gerações e também que as escolas deveriam ensinar. “Muitos idosos do interior preferem conversar em alemão, porque é a língua que eles conheceram primeiro, por isso deveria ter a disciplina nas escolas para todos”, reforça a menina que não tem essa disciplina no currículo escolar.

Yasmin Fernanda Schaefer
Yasmin Fernanda Schaefer (Foto: Arquivo pessoal)

Primeiro contato com a língua alemã na escola

A aluna da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Alfredo Scherer, Eduarda Vitória Pessi, 15 anos, teve o primeiro contato com a língua alemã na sala de aula, quando estava no 3º ano. Na sua família, ninguém costuma falar em alemão.

Nas primeiras aulas, ela ficou assustada, mas depois percebeu que não era difícil e começou a gostar do alemão. “Quero aprender mais da língua, aprender falar, pronunciar, talvez fazer um curso”, afirma a adolescente.

Ela também considera que é importante que as escolas ofereçam essa disciplina, para que mais pessoas cultivem a tradição da nosso região, pois no interior muitos falam alemão. “Eu acho muito importante termos esse contato com a língua alemã, aprender uma nova cultura, e termos novas experiências, além de que, é uma vantagem para se inserir no mercado de trabalho.”

“Seria muito bom se mais escolas tivessem essa disciplina, para que mais crianças e jovens tenham essa experiência, porque muitas pessoas não conseguem pagar um curso de língua estrangeira, então a escola oferecer isso, é excelente.”

EDUARDA VITÓRIA PESSI
Estudante

Eduarda Vitória Pessi (Foto: Arquivo pessoal)
  • Onde estudar – Em Venâncio, a Escola Municipal Alfredo Scherer, o Colégio Gaspar Silveira Martins, o IFSul e a Fisk oferecem aulas de alemão.

Oportunidade pessoal e profissional

Professora de alemão na Fisk Venâncio Aires, Carla Roberta Back, 20 anos, optou por aprofundar os conhecimentos na língua das origens, que é o alemão. “No momento em que percebi que queria aprender uma segunda língua, optei pelo alemão pois sempre fui muito envolvida com a cultura alemã”, conta.

Carla salienta que o alemão fez parte da infância, sempre ouvia familiares falando. “Meus pais são da época em que as crianças chegavam na escola e não sabiam nem pedir para ir ao banheiro em português”, comenta.

Ela sempre teve curiosidade de falar bem alemão, mas o medo de não conseguir era maior, achava que seria muito difícil. Em 2018, encarou o desafio e foi para a Alemanha fazer um intercâmbio, onde ficou por um ano e oito meses. “A maior experiência, com certeza, foi o fato de viver a língua alemã 24 horas, sete dias da semana. Assim você se dedica muito mais a aprender a língua e mais rápido, por sempre estar exercitando o idioma. E tem também o fato da cultura, de estar em outro país e poder ver como as pessoas se comportam”, completa.

“Uma das coisas que mais me cativaram quando cheguei na Alemanha, sem dúvidas, foi a pronúncia. Eu acho o alemão uma língua muito boa de se ouvir, por mais que muitas pessoas a consideram uma língua grossa. Músicas em alemão fazem parte da minha rotina.”

Carla Roberta Back
Professora de Alemão na Fisk

Carla Roberta Back é professora de Alemão na Fisk
Carla Roberta Back é professora de Alemão na Fisk (Foto: Arquivo pessoal)

Entrevista

Por que a língua alemã é vista como algo difícil e complicado? Quais são suas particularidades?

Carla Roberta Back: Acredito que essa pergunta seja sempre a mais difícil de se explicar. Durante a minha infância, sempre achei a língua alemã muito complicada de se pronunciar e acredito que esse seja um dos maiores desafios, pois é uma língua que você se força a movimentar muito mais a boca, para conseguir falar. A escrita também é totalmente diferente da nossa. Mas são desafios que dá para vencer se exercitando, são fatos que não vêm de repente e, com o tempo, você começa a perceber. Aprender uma língua nova não precisa ser algo doloroso, mas, sim, prazeroso.

Qual a diferença da língua alemã falada pelas pessoas daqui e a falada na Alemanha? Há muitas palavras com sentidos diferentes?

O ‘meu alemão’ é todo da gramática alemã. Falo algumas palavras do nosso alemão daqui, mas não eram palavras que eu usava no dia a dia quando morava lá. Assim como qualquer outra língua, a ortografia e vocabulário vão mudando conforme os anos. Tem muitas palavras do nosso alemão que, com o tempo, foram “aportuguesadas”, foram adquirindo outras formas de se dizer. Porém, não inibe o fato de que uma pessoa daqui não vá conseguir se pronunciar na Alemanha, pois um alemão pode entender, claro que com uma certa dificuldade. Como seria do contrário também, se um alemão viesse para cá seria também complicado para nós entendermos, pelo fato do sotaque, pronúncia, falar rápido e acontecer de ter palavras diferentes.

Por exemplo, na minha casa a gente se refere ao merengue como ‘Schnee’, mas na Alemanha ‘Schnne’ é apenas usado para neve. Da mesma forma, o nosso famoso ‘Chilaba’ (chinelo), na verdade é ‘Flip-flop’. Assim como existe a forma como é pronunciado alguns verbos, principalmente quando são conjugados no passado. Uma palavra que me deparei lá, que é parecida, é o nosso ‘die Schubkarre’ (carrinho de mão).

    

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