A Casa que se tornou lar

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Foto: Mônica da Cruz / Tudo & TodasPara que a Casa de Passagem saisse do papel, Doraci enfrentou obstáculos e não desistiu dos sonhos
Para que a Casa de Passagem saisse do papel, Doraci enfrentou obstáculos e não desistiu dos sonhos

O sonho que antes parecia tão distante e impossível, hoje já possui dez anos e teve início com pedido judicial da juíza Maria Beatriz Londero Madeira. Doraci da Silveira, 57 anos, então conselheira tutelar, recebeu a incrível missão de abrir e cuidar de um local que pudesse dar assistência e apoio para crianças em estado de risco e, também, para mulheres vítimas de agressões.

Doraci conta que a juíza, assim como ela, tinha o sonho de criar e abrir um local que pudesse ajudar crianças. Apesar de muitas dificuldades, um dia Doraci recebeu o aval e, finalmente, pode dar início a Casa de Passagem de Venâncio Aires. O local é administrado pelo Comitê da Cidadania e se mantêm com recursos da Prefeitura Municipal.

Em meio à vontade de começar e, com isso, passar a dar amor, carinho e afeto para diversas crianças, outros empecilhos surgiam. Mas a resposta foi simples e para tudo isso, a Tia Dora, como é chamada pelas crianças que residem na Casa de Passagem, deu um jeito.

O importante era a Casa de Passagem parar de ser um sonho e se tornar real, palpável e linda

E ela se tornou. Com o tempo as doações foram chegando, assim como os moradores. A Casa de Passagem ganhou móveis, objetos de decoração, roupas, comida, fotos, brinquedos, crianças. A Casa de Passagem ganhou vida. Muitas delas pequenas, sem saberem falar uma palavra e outras já maiores, com uma alma pura que só precisava de uma palavra de carinho e um abraço apertado. E, por fim, a Casa virou lar.

Foto: Mônica da Cruz / Tudo & TodasA Casa de Passagem, atualmente, abriga cerca de seis crianças de diferentes idades
A Casa de Passagem, atualmente, abriga cerca de seis crianças de diferentes idades

Os brinquedos foram espalhados pelo chão, as paredes ganharam desenhos e rabiscos, as camas ganharam cobertores e ursos de pelúcias, o guarda-roupa ganhou cores e volume, os porta-retratos receberam fotos e a biblioteca livros. Crianças chegaram, crianças saíram, outras iam e voltavam, mas muitas, infelizmente, permaneciam.

A coordenadora da Casa faz questão de dar amor, carinho e de acompanhar de perto o desenvolvimento de cada criança. Faz questão de dizer que ama, que vai cuidar, proteger e estar presente em todos os momentos. Doraci faz questão de não ser apenas a coordenadora da Casa ou a Tia Dora, mas sim, de ser uma mãe e grande companhaira para muitas dessas crianças.

A rotina de uma Casa movimentadaAtualmente, a Casa de Passagem abriga cerca de seis crianças de diferentes idades. Além delas, seis funcionários ajudam a manter o local em ordem e, também, a dar suporte físico e emocional para as crianças que chegam. As mães sociais, escolhidas a dedo por Doraci, são as encarregadas de cuidarem dos moradores da Casa e de acompanharem a rotina e o dia a dia das crianças mais de perto.

Além das crianças em estado de vulnerabilidade, a Casa de Passagem também recebe meninos e meninas que sofreram abusos físicos ou psicológicos ou que foram abandonadas pelos familiares, além disso, o local também acolhe mulheres que são vítimas de agressões e não têm para onde ir. A Casa ainda tem função de prestar apoio a Secretária da Saúde de Venâncio Aires.

Muitas pessoas que residem no interior do munícipio, e precisam ir até Porto Alegre para a realização de consultas ou exames, se deslocam até a Casa de Passagem durante o dia, para dormirem e, durante a madrugada, seguirem viagem com a Secretária de Saúde. Além disso, as crianças que residem na Casa de Passagem possuem uma rotina regrada. Segundo Doraci, isso demonstra que a existência de regras faz bem para o convívio diário.

Em 10 anos de Casa de Passagem, 22 crianças já foram adotadas.

    

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