Foto: Arquivo pessoal / Folha do Mate
“Eu sei que sempre vou te amor…”

“Se você quiser saber minha opinião final sobre o mistério da vida e tudo isso, posso resumi-la em poucas palavras. O universo é como um cofre para o qual existe essa combinação. Mas essa combinação está trancada dentro do cofre.” (Peter de Vries)

O primeiro olhar, o primeiro beijo, aquele afeto que ficou guardado por nove meses, finalmente chega o momento mágico. As mãozinhas enrugadas são lindas, a cabeça cheia de cabelos ou simplesmente careca é como se o mundo, em fração de segundos fosse todo somente teu. Os segundos se transformam em horas, e o relógio não tem ponteiros. A extensão da felicidade não tem medida. única se faz. Se menino ou menina, o momento se transforma magia. E a dor, o choro e o riso em mitos que vão perpassar o tempo.

Na contemplação daquele pequenino ‘Ser’, obra Divina, a dimensão da vida é um mistério. Apenas se quer sentir, viver sua intensidade, sem respostas, pois delas não se precisa, não naquela hora. Abrir-se para mundo – um mundo real – que se projeta sobre seus braços, é tudo que mãe e filho, buscam alcançar. Enlaçá-lo e permanecer assim – para todo o sempre – é o feroz sentimento que se nutre, naqueles primeiros instantes da vida pura e indefesa.

Olhares encontram e mãos se tocam. Os beijos e as primeiras palavras vão acontecendo, naturalmente, entre sonhos e esperança. Entremeio as sensações, inexplicáveis, vão surgindo descobertas e o crescimento, independente da quantidade de tempo ao pequeno dedicado.

E chegará o tempo que do primeiro abraço, ficaram as eternas lembranças, do primeiro choro a certeza que este ainda se repete… repete. às vezes, entrecortado, afinal, embora frágil, o menino cresceu. Mas no olhar, o mesmo brilho. A busca pelo carinho, rareado, ou constante – sabe o pequeno grande menino – onde encontrar, na quantidade que dele precisar.

Enquanto as mudanças acontecem, sem pedir licença, a combinação do cofre vai se abrindo à vida, trazendo um misto de verdades e inseguranças que insistem em se instalar, para lembrar que há um mundo à frente, repleto de pontos de vista, vontades e desafios. Tudo, permanentemente, em constante evolução que vai cumprir o seu curso, tomar forma e criar jeitos para a independência e autonomia daquele pequeno ser.

Nos soluços, se deu um jeito, na congestão nasal também. Os ‘nãos’, mesmo com arrependimentos, foram aplicados. As incontáveis vezes que a teimosia teve de ser contida, com pulso firme, se refletem hoje, no amadurecimento, infalivelmente, percebido.

Mas, na cumplicidade deste mesmo olhar, de menino grande, à medida que o tempo passa, aumenta o desejo de um mundo de descobertas. Neste mundo, há dúvidas e incertezas, em cada fase. As mesmas criadas pelos monstros da noite quando a cama dos pais foi refúgio e o colo da mãe foi o ninho acolhedor.

E, na medida do tempo, a vontade que esse tempo não se aparte e os mistérios do cofre somente se abram, com a chave verdadeira há que se aplicar a lei da qualidade, independente da quantidade – tudo igual – aqueles primeiros momentos, quando os olhares se cruzaram pela primeira vez. O futuro já é dele, e logo ‘o dono do pedaço’, será no coração da mãe, o pequenino ser indefeso, porém, crescido para o mundo e homem de verdade.

Entretanto, o ‘amor sem fim’, será sempre o alimento da alma, e a certeza que a vida se faz caminhando, entre olhares profundos, abraços sinceros, sorrisos largos, e acima de tudo, a cumplicidade do olhar na mesma direção..