Se teve uma decisão acertada que fizemos em 2015, foi colocar Bruno e Thomaz na mesma escola.
– Mas você não tem pena de acordá-los tão cedo?
– Tenho pena de deixá-los dormindo, tendo tanta coisa para aprontarem juntos!
Mesmo horário, mesmo lugar para deixar e buscar. Mesmo sistema de uniformes. Mesmos uniformes. O pequeno já aproveita as peças que o irmão usou. E isso é muito sustentável. Faz bem para o mundo e para o nosso bolso, o que é ótimo.
Mas de tudo o que a mudança trouxe de bom, o melhor é ver a amizade e a cumplicidade dos dois, que esperam todos os dias por mim no espaço reservado à Educação Infantil. Bruno não acha ruim, pelo contrário, ele adora a convivência com os pequenos.
– Mãe, eles são tão fofinhos.
Thomaz se diverte e faz amizade com os colegas do irmão. Afinal, são três amigos e colegas do terceiro ano que tem irmãos no nível B.
Dia desses, assim que a ‘profe’ que cuida da chegada e da largada das crianças abriu a porta, Bruno correu para dar um abraço de tchau num dos coleguinhas do Thomaz. O caçula, por sua vez, atirou a mochila longe e fez a mesma coisa.
Sabe aquele abraço desajeitado das crianças pequenas, em que um quase derruba o outro? Pode haver cena mais fofa? Não houve tempo hábil para fotografar ou filmar. Registrei apenas na minha memória, toda vez que lembro, acho graça. Registrei o afeto e a generosidade, a pureza das amizades que se formam simplesmente por um querer bem mútuo. Sem trocas, sem condições. Sem medida de altura ou de idade.
No caminho para casa, disse que adorei vê-los dando tchau ao amigo. Acho que eles não entenderam o motivo do meu comentário. Deveria ser tão natural abraçar um amigo, não é mesmo? Logo mudaram de assunto.
Thomaz contou sobre a brincadeira que fizeram na Educação Física.
Bruno contou que também estavam no Ginásio.
– Mãe, hoje eu vi a turma do Thomaz brincando.
Havia encantamento nos seus olhos. Havia amor e zelo. Thomaz respondeu.
– A gente estava brincando de acordar o urso e fugir. E o Bruno e alguns colegas ficaram vendo nossa atividade.
Na chegada em casa, ajudo meus garotos a guardarem as mochilas, eles correm para demonstrar o funcionamento da brincadeira, sorrisos, gargalhadas, correria na sala.
Um dia completamente normal. Por isso mesmo, completamente especial.
Amanhã tem mais. Ainda bem.