Foto: Rosilene Muller / Tudo e TodasNão troco nossa amizade por nada
Não troco nossa amizade por nada

Ontem, eu tinha me programado para assistir a um filme que passaria na TV, fui atraída pelas chamadas que anunciavam a PROGRAMAÇÃO. Intocáveis, a história de uma amizade nada convencional. Thomaz já havia dormido e Bruno estava prontinho em seu quarto, cheiroso e de banho tomado, jogando qualquer coisa no meu telefone.

– Mãe, deita um pouquinho comigo?

Eu, como sempre sou a última a me aprontar, combinei que no intervalo iria para o quarto fazer companhia a ele. Mas meu menino estava com muito sono e, alguns minutos depois, apareceu de novo na sala:

– Mãe, vou arrumar a cama para te esperar, vem logo, estou quase dormindo em pé.

Como prometido, escovei os dentes e me preparei para deitar com ele. Ao entrar no quarto, Bruno já havia caído no sono. Meu garoto capotou a minha espera. Fiquei alguns instantes contemplando a cena: Lá estava ele, um baita guri deitado de bruços por cima do sobrelençol. Ele havia estendido a cama com todo cuidado e espalhado bilhetes de post it ao redor.

– No primeiro bilhete que encontrei, nossos nomes, identificando o espaço reservado para nossa parceria: – Bruno e Paula.

– No segundo bilhete, a explicação do cenário: – Cama feita, ou seja, arrumada, para a minha mãe.

– No terceiro bilhete, sua declaração de amor, incluindo o pai: – Mãe e pai, te amo.

Não resisti à cena e resolvi que deveria incomodar seu sono. Cheguei bem pertinho e pedi:

– Filho, a mãe veio. Adorei a surpresa, deixa eu te ajeitar e me dá um cantinho.

Ele mal percebeu minha presença, mas assim mesmo, com muito esforço, dei um jeito de colocá-lo por baixo do sobrelençol e pensei em voz alta:

– Como pesam essas crianças dormindo.

Também baixei o volume da TV e tratei de achar meu espaço na cama, até aí já tinha perdido uma boa parte do roteiro. Acabei adormecendo assim que começou o intervalo. Acordei mais tarde e não pude nem pegar os créditos do final do rolo. Perdi o desfecho da história, mas ganhei o carinho e o aconchego de meu menino grande, que mesmo dormindo se acomodou no meu abraço, me deu um sorriso de olhos fechados e seguiu seu sono dos anjos. Dei um beijo em sua testa e o deixei descansando:

Dorme bem, querido, outro dia alugo o filme e descubro o final. Hoje, troquei a amizade da tela pela nossa, que é muito mais comum, mas assim mesmo muito mais gostosa. Boa noite!