Para quem nasceu nos anos 70/80, antes do boom tecnológico, pode ser uma boa pedida retomar as brincadeiras que agitavam a infância, passada em grande parte na rua, com brinquedos simples e baratos, que poderiam ser resolvidos na hora, com um pedaço de tijolo para riscar e uma pedra para jogar. Estava pronta a sapata, ou amarelinha, como quiserem.

Atividades divertidas, com interação social e desenvolvimento motor de primeira qualidade. Sem falar no grande gasto calórico. Muitas delas foram se perdendo com o tempo, sendo colocadas em segundo plano, substituídas por engenhocas cheias de tecnologia e caras. Não se enganem, também sou adepta ao mundo virtual, tenho meu próprio avatar no videogame das crianças e manjo bem da maioria dos jogos. Mas não precisa me convidar duas vezes para pular corda ou virar estrelinha.

– Tô dentro!

Neste sábado, eu e o Bruno não conseguimos conciliar a caminhada semanal, Thomaz não dormiu, queria estar junto. Chegamos a nos preparar, combinamos a saída, mas as horas se passavam e confesso que deixar o pequeno em casa não parecia uma boa escolha.

Resolvi variar a atividade. Combinei com os meninos que faríamos uma série de brincadeiras agitadas, por pelo menos uma hora, para suar mesmo. Todos toparam.

Fomos para a rua jogar futebol na grama, basquete de garagem, pular corda. E será que existe algo mais exaustivo do que pular corda?

Despretensiosamente, peguei o brinquedo e fiz uma gracinha.

Meninos, vou pular cinquenta vezes, vocês me ajudam a contar?

Sim!!

– 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 …

– Mais para trás, Thomaz.

– 12, 13, 14, 15…

– Filho, tá muito perto da mãe, a corda vai bater em ti.

– 27, 28, 29, 30, 31, trinta e ops!

– Ah, mãe, tem que começar de novo.

Inocentemente, achei que daria. Fui até o quinze. Depois, até o vinte e alguma coisa. Corri até o sofá da sala, já sem ar. Thomaz ficou ao meu redor, preocupado. Achei graça.

– Filho, a mãe só cansou de pular, nem lembrava que era tão cansativo.

Como havia passado menos de 30 minutos, resolvemos apelar para os jogos com Kinect, no X-box.

De vôlei de praia a boxe, descemos as corredeiras, evitamos infiltrações, praticamos esportes e enfrentamos algumas aventuras.

Mesmo com todo o esforço, resolvi que era o momento de encarar a prova física que aguardava por mim esticada na garagem.

Meninos, vou tentar de novo o desafio da corda.

Vamos lá!!!

Desta vez, eu consigo (torcendo para que seja na primeira tentativa).

1, 2, 3, 4, 5 … 50. Ufa!!!!

Corri de novo para o sofá, realizada com o feito heroico, que há uns 30 anos teria sido cumprido facilmente de venda nos olhos.

Completamos os sessenta minutos de atividades, mais suados e cansados do que nunca. Felizes pela diversão garantida pela brincadeira.

Não foi a caminhada. Mas cumprimos a meta da semana. Que trouxe novas possibilidades, mostrou-se adequada para dias de chuva, para aquelas tardes em que escurece cedo. Tá aí uma chance de aumentar nossa frequência e trazer resultados. Democrática, a brincadeira permite até incluir um parceiro novo na PROGRAMAÇÃO. às vezes, ajudando, noutras, atrapalhando, mas deixando nossa prática de atividades físicas ainda mais divertida. Seja bem-vindo, Thomaz!

Para quem gostou da ideia, separei mais algumas sugestões para as mamães, que assim como eu, curtem ter filhos pequenos e querem aproveitar essa boa desculpa para aderir às brincadeiras. Sem falar que a grande maioria delas tem custo muito baixo e a versatilidade de poderem ser realizadas em qualquer lugar:

Pular corda – não precisa de muita habilidade, mas vai exigir fôlego. Melhor começar aos poucos, alternando com outra atividade.Jogar basquete de rua – basta uma bola, uma tabela e um terreno plano e firme. Driblar, quicar e arremessar, você se exercita e treina habilidades esportivas. Dá para se tornar um atleta de garagem fácil, fácil.Pular amarelinha (ou sapata) – o ideal é que você tenha giz em casa, mas caso não tenha, um pequeno pedaço de tijolo ajuda a fazer a marcação. Mais de um modelo de sequência podem auxiliar a variar a brincadeira, mas chegar na lua e nas estrelas ainda vai ser o maior desafio.Treinar bambolê – precisa de muita habilidade, mas para quem domina a técnica, pode treinar na cintura, no braço, nas pernas. Com a prática, a brincadeira vai se tornando cada vez mais divertida.Andar de bicicleta – esta exige um pouco mais de espaço e investimento. Mas pode ser extremamente prazerosa e trazer resultados incríveis, de gasto calórico e fortalecimento muscular.Patinar – também exige um pouco mais de espaço, investimento e também mais habilidade do que a bicicleta. Para praticar na calçada, um roller é uma boa pedida. E, procurando bem, sempre se acha um bom lugar para voar as tranças sobre rodas, não é mesmo, Ana Flávia Hantt? Treinar acrobacias – calma, você não precisa se apresentar, mas para quem tem um pouco mais de habilidade, e de memória física da infância, virar estrelinha, ficar de ponta cabeça, cair em ponte, são todas atividades capazes de trabalhar a musculatura, a elasticidade e, de quebra queimar umas calorias.

Quem quer brincar, levanta a mão!