Se a sua opção for por comemorar o aniversário das crianças em casa, prepare-se, você não tem o mesmo ritmo delas. Desde o ano passado, Bruno vem pedindo, mas muitos fatores nos fizeram mudar de ideia..
– Mas, mãe, daí a gente pode brincar na piscina e inventar uns jogos.
Janeiro é um mês temperamental e, em 2014, optamos por mudar de lugar dias antes da festa. Neste ano, mesmo com previsões desfavoráveis, resolvemos manter a proposta. E não é que deu certo?
O vento soprou mais forte e o céu escureceu bem no finalzinho, passado das oito horas da noite, para encerrar a brincadeira com banho de chuva. Nada mal para uma tarde abafada de verão.
Meu garoto grande não queria decoração.
– Mãe, pra quê balão em cima das mesas?
– Só na mesa do bolo, a mãe não vai enfeitar tudo.
– Tá bom!!!
Para dar o clima de festa, optamos por balões coloridos e por um painel de ‘Feliz Aniversário’ feito em casa, com folhas de E.V.A. coloridas e recortadas. Sem régua e sem molde, no melhor estilo despojado-chique, ou ‘mãe sem tempo de ficar medindo’. E como a ideia era entrar no clima das Tartarugas Ninjas, adolescentes mutantes que moram em um esgoto, nem iria combinar muito glamour (boa desculpa essa).
E é aí que entra uma grande vantagem da festa em casa, Bruno adorou participar ativamente do preparo da comemoração. Com giz nas paredes, se encarregou de ilustrar Leo, Donny, Raph e Mikey, como são chamadas as Tartarugas. Também ajudou a encher balões e organizar lembrancinhas.
Como não sou das mais prendadas, comprei picolés, encomendei alguns docinhos, salgados e uma torta para iniciar a festa, mas o cardápio que escolhemos tem muito mais a ver com o tema e com as preferências de meu garoto, pizza! E o melhor, de tele-entrega.
Na hora do parabéns já avisei a galera:
– Crianças, podem ir se servindo do que está na mesa, mas um pouquinho depois das seis, vai chegar a encomenda especial da festa: – PIZZA
A aprovação veio em forma de gritos e correria. O que se intensificou quando a entrega chegou. As crianças receberam as pizzas em alvoroço e, antes mesmo que fossem colocadas em cima das mesas, já estavam pedindo pedaços.
– Tem de quê?
– Quero de calabresa.
– Tem de alho e óleo, Paula?
– Claro que não! (respondi, espantada, onde já se viu criança querer pizza de alho e óleo??? Ainda mais fazer um pedido desses para mim, que sou quase uma vampira quando se trata de alho)
– Quero de chocolate!
Achei esse pedido mais sensato.
– Me dá três pedaços.
Que fome, heim!
Com muita bagunça, consegui arrumar as pizzas sobre a mesa e, ao olhar para o lado, uma fila de crianças molhadas, de óculos de mergulho, havia se formado, com pratinhos na mão, esperando a pizza. Adorei. Foi a primeira festa em que vi os pequenos aguardando ansiosamente a comida. Geralmente, brincam e se esquecem de se servir.
Bom, correria foi o que mais teve, e o que me deixou de cabelo em pé. Ao redor da piscina, na frente de casa, pelos corredores. Seriam os corredores feitos para isso mesmo? Fico avaliando o nome sugestivo.
– Cuidado para não cair!
– Cuidado para não resvalar.
– Cuidado para não se machucar.
– Cuidado, cuidado, cuidado!
E fomos nos intercalando, eu, meu marido e a recreacionista, para que se divertissem sem se machucar, contornando algumas brigas, juntando as mil bolinhas de plástico do Bob Esponja, o brinquedo inflável que Bruno escolheu para a festa, servindo refrigerante, salgadinhos, pizza e picolés, sem falar no mutagênico. Sim, essa foi a bebida preferida por todos, e é o que mais me encanta nas crianças, a capacidade de fantasiar.
Pensando em algo divertido sobre o tema, sugeri para o Bruno que distribuíssemos mutagênico, o líquido que transformou as pequenas tartarugas em mutantes ninjas. Obviamente, ele adorou, então procuramos uma receita e recipientes que pudessem dar o tom da brincadeira. Optamos por embalagens de tubo de ensaio verde com tampa rosca e por um suco em pó de limão com corante. Simples assim.
Coloquei alguns poucos frascos na mesa, só para dar o clima da festa, e uma garrafa de vidro com mais suco para caso alguém gostasse e quisesse repetir. Minutos depois, já estavam ao redor de mim.
– Tia, tem mais tubos de mutagênico? Fiquei sem nenhum.
– Paula, serve mais para mim.
– Também quero mais mutagênico.
– Tia, qual a receita?
Bom, deu até briga e precisei fazer mais. Quase nem tocaram no refrigerante, mas mantive a receita em segredo, rindo por dentro da simplicidade da brincadeira, garantida por água, suco e corante.
Tudo feito de forma muito simples, mas com muito amor. Quem disse que diversão precisa de complexidades e requintes?
E, de uma hora para a outra, começaram a aparecer os carros no portão. Lá foram eles, muitos de sunga e toalha, de biquini e roupão, molhados mesmo, com os calçados pela mão, cansados de brincar, felizes por terem estado juntos num dia de férias.
Quando vimos, já estávamos novamente só entre nós. Bruno cansado, foi logo para o banho, aquecer o corpo que havia passado a tarde toda molhado.
– Mãe, ajuda a me secar? Estou cansado.
Lá fui pegar uma toalha seca e ajudar o aniversariante.
– Claro que está cansado, brincou bastante, né!?
– Brinquei muito, mãe. Muito obrigado, até hoje, foi a melhor festa da minha vida!
Eu que agradeço, filho. Você que faz a minha vida ser uma festa!