Foto: Divulgação / Tudo & TodasMenino e menina de rosa. Claro que pode!
Menino e menina de rosa. Claro que pode!

Thomaz trouxe mais um tema de casa para fazermos nesta semana. Novamente na sacola, um livro, uma pasta e duas folhas. Conforme instruções da professora, deveríamos ler juntos e depois mudar o final da história, registrando, cada um de seu jeito, como o novo enredo se encerraria.

Tivemos um final de semana bastante agitado e apenas ontem resolvi chamá-lo para começarmos a tarefa.

– Vem, filho, vamos fazer teu tema.

Peguei a sacola e fui tirando a pastinha. O livro, pequeninho, havia ficado no fundo, ainda não sabíamos do que se tratava e estávamos ansiosos pela nova história. Ao olhar na sacola, logo estranhei as cores e brilhos. Retirei a pequena encadernação e olhei com calma a figura da capa, em silêncio, pensei com meus botões: que escolha estranha a professora fez nesta semana. Entreguei-o ao menino, que já estava ansioso para concluir a atividade.

Thomaz pegou o livro, olhou-o com calma e sacudiu lateralmente a cabeça. Com as duas mãos, colocou-o na frente dos olhos e concluiu:

– Que pofe bocabeta. Esse é de menina!

– é, filho, a mãe também achou um pouco estranho a profe escolher esse livrinho pra ti, mas não tem problema, deve ter uma história bem legal. Vamos ler?

– Tá bom.

Confesso que em nossa casa é muito difícil aparecer algo rosa, ainda mais quando combinada com lilás e brilhos. A não ser quando temos a visita de alguma afilhada. Formamos uma família de quatro pessoas, Cristiano, os meninos e eu. Entre nós, quem mais teria chance de gostar dessa combinação, sou eu, que prefiro azul com todas as minhas forças.

Sei que existem várias pessoas que defendem e argumentam que meninos podem usar rosa, brincar de boneca, de casinha, incluindo, agora, a fofurice do bebê real, Príncipe George, sucesso na rede dando seus primeiros passos com um macacão cor de rosa de pernas curtas. Não sou contra. Mas a menina aqui é que é meio atravessada e nunca gostou de brincar dessas coisas, muito menos da tal corzinha.

Preferências à parte, fomos à história da fadinha cor de rosa: A Fada das Flores. Na primeira página, já descobrimos que havia uma brincadeira no enredo. A figura imaginária, de cabelos loiros, asas brilhantes e varinha de condão estava convidando os leitores a descobrir seu nome. Por viver em meio à natureza e às flores, ela sugere que poderia se chamar Pétala, Buquê ou Campina, mas, na verdade, seu nome é Jasmin, por ser nome de flor, por se parecer com jardim.

Leitura feita, hora de concluir a atividade. Eu estava pronta para ajudar o Thomaz a pensar em possibilidades, então perguntei:

– Filho, como a mãe explicou, temos que pensar em um novo final para nossa historinha. O que você acha?

– Pode ser.

– Vamos escolher outro nome bem lindo para a fadinha. Você pensou em algum?

– Sim! Vamos chamar a fadinha de Mamãe Paula!!

Mamãe Paula ficou por alguns segundos sem ar e foi parar num conto de fadas, cercada de príncipes e flores. A tarde cinza virou cor de rosa.

– Tem mais um destes, profe?