Desafios das mulheres para manter a saúde mental em meio a diversos papéis e atribuições

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Profissional, mãe, amiga, esposa, estudante, filha, mulher. A lista de atribuições e dos papéis desempenhados pelas mulheres é extensa e, em grande parte dos casos, gera sobrecarga mental. Em meio a isso, ter tempo para conseguir equilibrar todos esses pilares e cuidar da saúde mental é um desafio.

A psicóloga Letícia Nedwed observa que grande parte das vivências de homens e mulheres são distintas e a mesma situação pode ser interpretada de modo diferente por cada gênero. “Um exemplo disso é que mesmo com todas transformações sociais que passamos nos últimos anos, a grande maioria das mulheres ainda são consideradas as principais cuidadoras dos filhos.

Algumas ainda são criticadas por trabalharem fora, optarem não ter filhos, buscar métodos de autocuidado e terem uma vida social ativa”, comenta.

Em entrevista ao caderno Tudo & Todas, profissional aborda questões como a sobrecarga mental feminina, saúde mental e autocuidado, além de destacar aspectos relacionados à igualdade de gênero. “Ninguém é melhor que ninguém. Os homens têm várias outras qualidades. Somos seres que se complementam, quando entendemos esta parceria tendemos a ser melhores em tudo que fazemos, já que um aprende com o outro”, pontua.

Por que a mulher tende a sofrer mais sobrecarga que os homens?
Vários fatores podem contribuir para o excesso de sobrecarga nas mulheres em comparação aos homens. Posso citar por exemplo: maior suscetibilidade ao estresse em razão da dupla jornada, alterações hormonais durante o período menstrual, causando oscilações de humor, alterações hormonais na gravidez e puerpério, preconceito no ambiente profissional e acadêmico, além das pressões sociais e crenças culturais em relação ao papel da mulher na sociedade. Sendo assim, os cuidados necessários para preservar a saúde mental feminina tem características distintas dos cuidados com a saúde mental dos homens. Cada fase da vida e personalidade, na verdade, requer um tipo diferente de autocuidado.

Como evitar a sobrecarga mental?
Não existe uma fórmula mágica para cuidarmos da nossa saúde mental. O autocuidado precisa ser feito constantemente e é possível fazer transformações significativas em nosso modo de viver tomando algumas atitudes simples no dia a dia. Uma dica importante é distribuir o tempo entre demandas profissionais, afazeres domésticos, tempo com a família e tempo para você mesma. Cultivando momentos agradáveis fazendo o que se gosta, como meditar, escutar música, tocar algum instrumento, pintar, dançar, fazer voluntariado, ler, ir ao cinema, realizar exercícios físicos e ir ao médico periodicamente, cuidar da sua vida financeira também é uma forma de autocuidado. Além de socializar com quem você gosta, como amigos, colegas de trabalho e familiares e se certificar que todos esses vínculos fazem bem a você. A terapia também é um excelente recurso para cuidar da saúde mental. Através do auxílio profissional é possível aprender a lidar com vida de maneira emocionalmente inteligente.

Qual a importância de ensinar as crianças sobre igualdade de gênero e como fazer isso?
É importante dialogamos com as crianças sobre igualdade de gênero, pois desta forma será possível redefinir padrões culturalmente produzidos e criarmos uma sociedade mais igualitária e empática.

A partir do momento que entendemos que as características atribuídas a meninos e meninas são culturais e não biológicas passamos a olhar para o ser humano e libertamos os indivíduos de padrões como ‘menino não chora’ e ‘menina só brinca de boneca’, entre tantas outras situações que construímos em nossas crianças.

Podemos construir este processo através de conversas e incentivos de externalizar às emoções, dividir as tarefas e responsabilidades de casa, permitir que a criança brinque com o brinquedo que ela quiser, entre tantas outras formas de exemplificar que todos somos livres para exercer o que quisermos.

(Crédito: Arquivo Pessoal)

“É importante dialogamos com as crianças sobre igualdade de gênero, pois desta forma será possível redefinir padrões culturalmente produzidos e criarmos uma sociedade mais igualitária e empática.”
LETÍCIA NEDWED
Psicóloga



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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