Foto: Divulgação / Tudo & TodasNa companhia do chocolate
Na companhia do chocolate

Escolhi agora um chocolate. Não porque ele é doce, mas sim porque tive vontade. E não me considero uma fissurada por doces, mas tive vontade de devorá-lo. Ao mesmo tempo, para sentir o sabor delicioso que acalma. Sim, dizem que chocolate alivia a alma.

Aquela barra estava ali há muitos dias, nem lembro se ganhei na última Páscoa. Sei que ele estava junto com outros. Talvez até pertencesse à outra pessoa da família, porém escolhi aquele. Entre o amargo e o de leite, resolvi fazer minhas pazes com o de leite. Foi uma escolha só minha. Talvez, amanhã, o arrependimento chegue de mansinho, pois não costumo ser gulosa. Mas tive vontade.

A madrugada era silenciosa. Nem os grilos faziam-me companhia. Todos dormiam. Eu não. Enquanto procurava explicação para a insônia, também limpava os pensamentos. Especialmente, aqueles talvez, causadores da falta de sono. Embora, até alguns pensamentos já haviam se recolhido, pois todos dormiam. Apenas alguns insistiam em me atormentar, outros eu buscava para me fazer companhia. No conjunto, todos eram parte integrante de grandes ou pequenas decisões.

Aqueles que outrora inspiravam meus poemas, meus sonhos – todos naquele momento – se mesclavam. Era um turbilhão de ideias em conflito com o silêncio da noite. Um pouco sem nexo para o momento. E junto a tudo isto – o chocolate. Rico em proteínas e fortalecedor de incertezas – Um épico, talvez!

Em meio aos sons que agora começam a surgir ao longe, percebi que as horas haviam passado depressa. Sem saber o que viria depois, deixei-me enrolar pela minha escolha, comer o chocolate na madrugada. Embora, uma atitude se fazia necessária – recolher-me ou permanecer ali. Era preciso fazer uma escolha.

Escrever, ler – ou simplesmente – organizar os pensamentos. Correr para longe, ou ficar comigo mesma, absorta nas lembranças, nas escolhas malfeitas, nos arrependimentos – e também nos sucessos de muitos. Neste meio tempo, o chocolate terminou. Mas as escolhas ainda não. Elas fazem parte, incessantemente, da vida. Quando o dia amanhecer, lá estarei eu, realizando outras e mais outras. A cada escolha, uma renúncia e vice-versa. Assim como agora, que precisei escolher, entre tantas ideias, preferi a do chocolate.

Afinal, quem um dia não teve vontade de comer uma barra todinha? Nem que fosse, somente em pensamento?