PÉ NA ESTRADA
Por Ana Flávia Hantt*
Nesta semana, conversei com as anfitriãs que me acolheram durante o lockdown na Bélgica, entre março e abril deste ano, cuja filha de cinco anos retornou para a escola na última terça-feira, 1º. Esse é o começo do ano letivo, que no país se inicia em setembro e segue até junho do ano seguinte.
Depois de manter as escolas fechadas entre março e maio, a Bélgica iniciou o retorno gradual das atividades, encerrando-as novamente entre julho e agosto, para as férias escolares. Agora, o governo determinou retomada compulsória para todos os estudantes maiores de cinco anos.
Para garantir o retorno com segurança, o governo criou um sistema de cores partindo do verde (quando houver vacina ou imunização por rebanho) até o vermelho (com aceleração do número de casos).
Nesta última terça, todas as escolas retornaram sob a cor amarela. Isso significa que crianças no Ensino Fundamental terão aulas cinco dias por semana. Alunos do Ensino Médio terão aulas quatro vezes na semana, sendo que todos ficam em casa nas quartas-feiras. Distanciamento social e uso de máscara são obrigatórios.
As escolas também trabalharão com bolhas de contato. Ou seja, um número de alunos e um professor terão contato exclusivo uns com os outros, facilitando a identificação e o isolamento em caso de um teste positivo para o coronavírus.
Para as minhas anfitriãs, a volta às aulas foi vista com apreensão, já que se preocupam com as consequências emocionais e psicológicas que o retorno com tantas medidas de segurança pode causar à filha. Elas cogitam implementar homeschooling no próximo ano – método possível na Bélgica e em muitos outros países, nos quais as famílias se responsabilizam pela educação dos filhos, em casa.
Números
A Bélgica possui 11 milhões de habitantes (a mesma do Rio Grande do Sul) e, atualmente, registra cerca de 400 novos casos de Covid por dia, enquanto o RS mantém uma média de cerca de 3 mil casos diários. Cerca de 10 mil pessoas já perderam a vida para o coronavírus no país belga, sendo que o pico da doença foi registrado em abril. No Rio Grande do Sul, este número está em mais de 3,5 mil mortes e os especialistas ainda não têm certeza sobre o pico da doença, que pode ter ocorrido entre julho e agosto.