Ex-stripper, Fabiana Perez ergue bandeira contra o preconceito

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é um gesto de coragem se expor para uma sociedade machista com objetivo de tentar mudar um estereótipo. Fabiana Encina Perez Scherer diz que quer contribuir para que as pessoas não avaliem ou julguem o que não conhecem de uma mulher. Marcada por ser ex-stripper, ela lamenta não conseguir emprego e ter a chance de mudar de vida.

Foto: Divulgação / Tudo & Todasfgfd

Fabiana completa 45 anos no próximo dia 21 de março. A questão da igualdade entre homens e mulheres e do rótulo da sociedade em insistir que as pessoas fiquem marcadas com preconceito por aquilo que foram ou deixam de ser é a sua maior bandeira. “Não sou mais a Duda Mel. Ela é uma personagem, criada para um momento de minha vida. Acabei ficando marcada e, hoje, depois de tentar mudar de vida, de buscar emprego, de tentar ser a Fabiana, o que eu realmente sou como ser humano, vejo que não é nada fácil”, diz.

Morando com o companheiro Matheus Gressler Portella há mais de um ano, elogia e se emociona com a coragem de Matheus em se expor. “Eu sei o quanto ele precisa ser forte para estar ao meu lado, o quanto as pessoas de má fé ‘buzinam’ no ouvido dele querendo desfazer a nossa história. Ele é um guerreiro em enfrentar este preconceito junto comigo”, comenta Fabiana, que, no ano de 2016, foi candidata a vereadora em Venâncio Aires, município em que reside, pelo Partido Republicano Progressista (PRP), em campanha na qual fez 55 votos. Fabiana, que teve fotos nuas vazadas na internet, acredita que isso tenha prejudicado muito a votação.

“As pessoas sentem prazer em denegrir a imagem do outro”, comenta.

Mãe de quatro filhos e avó de quatro netos, Fabiana diz que as pessoas julgam sem saber e, muitas vezes, os caminhos, as soluções encontradas para definir o que se vai seguir na vida, nem sempre são escolhas próprias. Natural de Novo Hamburgo, ela viveu com a mãe biológica até os oito meses de idade. Em função de maus tratos, foi acolhida pela avó paterna Paula Lucia Encina e diz que carrega no coração a mãe que a adotou, Maria Sirlane Ferraz.

Foto: Divulgação / Arquivo PessoalFabiana ao lado da mãe adotiva Maria Sirlane Ferraz
Fabiana ao lado da mãe adotiva Maria Sirlane Ferraz

Começou a namorar aos 14 anos e, aos 17, já estava casada e com uma filha. Aos 21, ficou viúva. “Foi então que perdi meu emprego, perdi meu rumo”, conta, emocionada. A demissão do trabalho, sem estrutura emocional e nem financeira, fez com que, por quatro dias, perambulasse pelas ruas de Novo Hamburgo.

“Foi horrível. Procurei comida no lixo, dormi na rua. Não tinha pra onde ir e nem via nenhuma chance de mudar o que eu estava vivendo. Lembro que um dos dias mais felizes foi quando vi, na lata de lixo de um condomínio, de forma separada, um saquinho com pastel e presunto, bem separadinho, parecia que tinha sido deixado pra mim”, emociona-se.

Ao ser acolhida por uma amiga, conta que tentou emprego, mas, com filho nos braços, precisava ‘se virar’ e acabou partindo para a vida nas casas noturnas. “Me tornei dançarina e, por isso, o apelido Duda Mel. Acabei me tornando a melhor stripper do Vale”. Fabiana diz que foi nesta época que ajudou muitas pessoas, com alimentos, roupas e cestas básicas.

Ela conta, ainda, que foi casada durante oito anos, quando deixou de lado a vida de stripper, porém, mais uma vez, segundo Fabiana, a falta de oportunidade e por ter estudado até o ensino médio fez com que, depois da separação, voltasse a ser a Duda Mel. Foi então que, em 2009, trabalhou em casas noturnas de Venâncio Aires, onde fixou residência. “Acabei sendo bem acolhida na cidade e fiquei”.

Foto: Divulgação / Arquivo Pessoalgfhgh

>> VISãO DISTORCIDA

Fabiana se diz preocupada com o que percebe na juventude. “Algumas meninas vêm me procurar pedindo aconselhamento, pois querem cursar faculdade, andar com a roupa da moda, e, como não conseguem emprego, querem virar garota de programa. E tem muitos pais que nem sabem que isso acontece”, lamenta. Fabiana diz que é pura ilusão a historinha da ‘vida fácil’. Ela reafirma que nem sempre a noite é uma escolha, mas não é o melhor caminho.

“Não é um conto de fadas. é real e ainda tem muitas meninas que se prostituem em troca de drogas, o que é mais triste”, diz.

A ex-stripper relata que existe uma visão das casas noturnas que é distorcida. Segundo ela, nem sempre os homens procuram os bordéis para fazer sexo. Eles buscam alguém que lhes escute, que dê atenção. “Eu sei que eu salvei muitos casamentos. Muitos chegavam para conversar, pensando na separação, eu sempre aconselho que nunca troquem o amor da sua vida por uma simples aventura. Que os homens valorizem a esposa que têm em casa”.

“Eu queria era abrir a cabeça e o coração das pessoas para o preconceito. Fazer com que não julguem uns aos outros, mas que conheçam as pessoas.”

>> PRECONCEITO

Como diz o filósofo Mario Sergio Cortella:

“Não há ninguém sem preconceito e a pior armadilha é imaginar que você não tem. Agimos mal toda vez que rejeitamos uma ideia apressadamente ou agimos sem antes conhecê-la de fato.”

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