Foto: Paula Carvalho / Tudo e TodasOu você muda, ou mudam você. Bela reflexão, para começo de conversa.
Ou você muda, ou mudam você. Bela reflexão, para começo de conversa.

Quase 15 anos depois, resolvi me reaproximar de uma antiga paixão, a Publicidade e Propaganda, graduação que escolhi quando ainda estava na quarta série do ensino fundamental. Não que soubesse exatamente do que se tratava, mas naquele momento, não haveria qualquer chance de me levarem para outro caminho, estava fascinada por marcas e seus conceitos.

Nescau já era a energia que dá gosto.Hellman’s já era a verdadeira maionese.O Opala tinha sempre uma vantagem a mais. Vai dizer que você não sabe o que é um Opala?O Danoninho valia por um bifinho.Enquanto o Chambinho deixava os olhos da gente sorrindo quando começava a propaganda: – Meu coração, não sei por que bate feliz.Canon tinha sabor de aventura. E era cigarro.Mc Donald’s estava o mais perto de globalização que eu poderia entender.A Tina Tunner usava All Star: – All star is young and funn.Os ovos de Páscoa vinham recheados de bombons. – Lá lá lá lá lá Lacta.Dá-me um Corneto, aquele da Gelatto.A Faber Castell ganhava os corações com sua versão de Aquarela.E nenhum Papai Noel poderia esquecer da minha CaloiA Varig era a estrela brasileira no céu azul, iluminando de norte a sul. E quem não sofreu de aflição até o menino do Nacional chegar para a apresentação natalina: – Quero ver você não chorar, não olhar pra trás, nem se arrepender do que faz.Também tinha a bonita camisa US TOP do Fernandinho.E a Estrela?? Nossa companheira, nossa brincadeira, nossa diversão.

Tinha como não amar a propaganda nos anos 80?

Bom, isso acabou direcionando minha vida e minhas escolhas. Isso me fez definir um curso superior, uma profissão e, em pleno 2015, tomar uma difícil decisão. Tá, sem drama. Nem foi tão difícil assim. Resolvi participar do Festival Mundial de Publicidade de Gramado. Explico.Na semana anterior, bateu o arrependimento. Thomaz se grudava nas minhas pernas:

– Vou ficar com muita falta tua.

Pensei comigo, eu também, eu também.

Chegou a chorar algumas vezes. Fiquei me achando egoísta, que ainda não estava pronta para deixá-los DOIS dias longe de mim. Nem eu longe deles. Quanta ladainha. Mas o pequeno vinha me deixando com o coração a cada dia mais apertado. Na manhã de domingo, ainda acordou choramingando achando que eu já tinha ido. Pensei seriamente em desistir.

De malas prontas, chegou a quarta-feira. Dei beijos e amassei meus gurizinhos. Thomaz me deu tchau e foi jogar X-box com a Geni. Mas ele não ia chorar? Se jogar no chão? Fazer escândalo?Fechei a porta e fui.Bruno ainda veio me dar mais um beijo.

O Festival estava ótimo. Palestras e cases inspiradores. Novas mídias, novos recursos, novas práticas, mas aquilo me encantava em 1988, mantinha-se lá, presente e cada vez mais vivo, a essência da publicidade e propaganda, seus conceitos, valores e emoções.

Vi palestrantes e profissionais premiados falando sobre a importância de quem trabalha em comunicação gostar de gente. Vi o amor por suas mães explicitado nos telões. Vi o orgulho por suas histórias de vida. E a emoção ao apresentarem peças produzidas para sensibilizar, para gerar nas pessoas associação com suas causas e valores. Para ampliar o relacionamento, não ganhar cliente por dez centavos a menos no preço de um produto.

Estavam lá, todos inseridos no meio das apresentações, o amor, o repeito ao próximo, a maternidade, a pluralidade, a diversidade, a igualdade, o encorajamento, as descobertas, a liberdade e a inovação.

Espero que meus filhos ainda mostrem fotos nossas em suas palestras. Espero estar na plateia aplaudindo suas conquistas. Mesmo que não estejam em cima de palco nenhum.

Espero que as marcas parem de se degladiar para ver quem dá mais desconto no pão francês, transformando a concorrência em meros centavos. Porque, ao menos para mim, economizar foi, e vai sempre ser comprar bem.

Ou vai dizer que você também não se derreteu pelo Leite Ninho?

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Nem viajou no tempo com Evian?

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Eu, sim!!