Bruno, nessa idade, gostava de Patati e Patatá, Txutxucão, Mecanimais e Peixonauta. Seu herói favorito se chamava Sportakus, do Lazy Town. Inspirado no personagem, diariamente renovava seus bigodes de canetinha. E lá íamos nós a festas de aniversário, supermercado, escolinha, sempre com meu garoto de bigodes. Se não tivesse canetinha, servia caneta esferográfica preta, azul, vermelha, o importante era manter o estilo.
Além de defender as crianças na colorida vizinhança, Sportakus ainda era incentivador da alimentação saudável. Um ótimo estímulo para os pequenos que se admiravam com suas façanhas e piruetas.é uma pena que a série esteja fora do ar.
Na sequência, foi com Ben 10 que Bruno se identificou, um menino de 10 anos que se transformava em alienígenas para defender o seu e outros planetas. No baú, dezenas de bonecos são resagatados vez ou outra por alguma criança que nos visita. Thomaz ainda não se interessou pela coleção interplanetária. Mas está vidrado num jogo de videogame que tem me preocupado.
é o que dá ter irmão de sete anos. Os dois brincam juntos, se divertem juntos e lutam. Sim, ultimamente, é esta a brincadeira favorita da dupla. Meus garotos lutam, batalham, e não adianta esconder as arminhas de plástico que eles encontram alternativas. E lá se vão minhas conchas e escumadeiras se transformarem em espadas e sabres de luz:
– Yáaahhh!!!
Nos últimos tempos, redescobriram um jogo de videogame que andava esquecido no estojo. Injustice – gods among us. Nem eu lembrava do que se tratava. São heróis e vilões lutando uns contra os outros. Batalhas violentas e golpes impressionantemente criativos, em Arenas cheias de recursos e objetos para incrementar as lutas.
Mais do que Bruno, Thomaz está tão encantado com o jogo que até mudou de ideia. Meu pequeno não quer mais os Backyardigans na comemoração de seus três anos. Agora, a temática escolhida é o ‘Exterminador’. Ou, o ‘Acabador’, aquele ‘lalanja’, como ele pede quando quer escolher este personagem para suas batalhas.
– Como assim???
Um soldado meta-humano munido de armas de fogo e facas. Forte e poderoso, ele atira, e isso Thomaz adorou. Me assusta saber que ele foi se agradar justamente de um vilão.
– ‘Buno’, tu vai ser o ‘helói’ e eu o vilão.
Noite destas, meu pequeno repetia enquanto dormia: – Não quero o Asa Noturna, Não quero o Asa Noturna…
Lembro de ter ouvido da pediatra que as crianças poderiam se interessar por desenhos de ação e por armas e munições, desde que se identificassem com heróis, não com vilões. Thomaz quer ser o Exterminador. E agora?
Como não sou de aumentar os problemas e já aprendi na prática que as fases passam, tenho certeza que meu pequeno, amoroso e querido, não tem noção do que significa integrar a equipe dos vilões. Ele gostou da cor e dos golpes incríveis do Exterminador, não das maldades e tiranias do assassino em série da DC Comics, lado que ele não conhece da figura laranja. Fixou-se nele até começar a descobrir outros personagens igualmente poderosos, ou até mais.
– Mãe, bota o Flash agora pra mim.
– Mãe, como é mesmo o nome do cinza que atira?
– Ciborgue, filho.
– Tá, agora quero ser o ‘Cibogue’. Depois, o da capa vermelha (Super Homem).
Bom, pelo menos ele está se interessando pelo lado do bem agora.
Quanto ao vício de quem acorda e vai dormir querendo jogar, preciso dar um jeito. Mas confesso que é difícil para uma mãe que também adora travar um batalha fictícia com golpes fantásticos, para os quais basta apertar dois ou três botões para o personagem dar uma pirueta e arremessar ao ar o inimigo, sem precisar levantar do sofá. Uau!!!!!!
Quanto à decoração dos três anos, vou ter que dar uma adaptada. Backyardigans, não tem mais volta, mas já consegui trocar o tema Exterminador para Liga da Justiça. Vamos de Super Homem, Batman, Flash e Lanterna Verde mesmo.
– Tá bem. Mas tem que ter o ‘Acabador’ junto.
– Sim, filho, a mãe vai dar um jeito.
E até que ele está certo. Não há razão para uma Liga da Justiça se não existissem os vilões.
Mas enquanto isso, na Sala de Justiça:
– Filho, vai ter o Exterminador, mas a gente vai estar do lado do bem.
– Tá, mãe, eu vou ser o ‘helói’, então.
E espero que assim seja.