De quando fiquei horrível

Foto: Rosilene Muller / Tudo e TodasAinda com o cabelão, mas já decidida a dar tchau aos fios longos
Ainda com o cabelão, mas já decidida a dar tchau aos fios longos

Mais de vinte anos depois, resolvi mudar. Nada de mais, só cortei o cabelo, mas no Salão mesmo, o pessoal me desencorajava. Insisti. Estava finalmente determinada. Resolvi experimentar, queria ficar mais leve, renovar o fio que estava ressecado, desgastado. Como dizem, cabelo cresce.

Gostei. Me olhei no espelho e me senti bem. Acho que com 36 anos, tenho o direito de decidir sobre meu corte. Saí feliz da vida do salão, mechendo a cabeça para os lados para sentir o balanço do novo comprimento. Ainda por cima, podendo doar duas mechas para crianças com câncer.

Ao chegar em casa, porém, não fui bem recebida, Thomaz dormia. Bruno levou um susto. Espantou-se a ponto de arregalar os olhos, sair da sala e se fechar em seu quarto.

– Achei horrível, não quero te ver.

– Mas a mãe não mudou, só cortou o cabelo.

– Mas por que não me perguntou? Eu não queria. Só vou te olhar de novo quando crescer.

Mas como assim?! Um pirralho querendo controlar meu corte de cabelo!? Desculpa, filhão, mas dessa vez, a mãe decidiu sozinha. E olha que são raras as vezes que não pondero o que vão achar, como vão pensar. Fiz por mim, me deu vontade.

– Sou a mesma pessoa, pensando exatamente igual, só com alguns centímetros a menos de fio. E do jeito que estou hoje, não reclama muito que corto mais um pedaço.

 

Foto: Ana Flávia Hantt / Tudo e TodasDepois da tesoura
Depois da tesoura

 

Foto: Ana Flávia Hantt / Tudo e TodasMais uma em versão curto
Mais uma em versão curto