Foto: Beatriz Colombelli / Folha do MateNossos pés nos levam até onde nossa mente permitir
Nossos pés nos levam até onde nossa mente permitir

Desde criança aprendi que era preciso trabalhar com qualquer tempo. às vezes, entre choros e falta de força, os braços frágeis seguravam o arado, que uma junta de bois insistia em arrastar por entre a plantação. Ao longe ouvia um grito: “Segura firme, segura firme”. Em muitos agostos, isso se repetiu. Palavras que ecoavam a cada tarefa executada, ou mal executada. Duas palavras, em estribilho, que foram se transformando em mantra. E que renovavam as forças para cada novo desafio, ao longo dos anos, entre sonhos e realizações.

Vieram os setembros, muitos setembros – lindas primaveras – com o colorido das flores e a renovação dos sonhos. Sonhos de criança, guardados em um cantinho da alma. A beleza de cada um aumentava, e crescia à medida do tempo, contrastando com a realidade urbana. Aprender todas as tarefas era uma questão de sobrevivência. E, não apenas as domésticas. éramos ensinados a exercer múltiplas tarefas. Entretanto, para cada atividade a exigência era máxima. Nas mais simples, “capricho” era a palavra de ordem. Por outro lado, esta exigência se constituía em incentivo à execução, à educação e o respeito.

Muitas décadas se passaram. Novamente, um agosto. Em meio às lembranças das raízes, as tecnologias do presente, a certeza de que “jamais devemos desistir de nossos sonhos. Ao mesmo tempo a emoção de ouvir o mantra. Mas desta vez: “segura firme a máquina e vai”.  Significado, que transcendeu o tempo, alimentou a alma. E, neste agosto, mais uma vez, durante o acendimento da Chama Crioula, em Cruz Alta, a certeza de que podemos realizar nossos sonhos a qualquer tempo. Cada um – no seu tempo – nos é dado para viver com intensidade, na proporção que deles nos apropriarmos, com trabalho e determinação. 

As grandes invenções que um dia foram pensamentos, acreditos por alguém chegaram até nós.