Nas últimas décadas, a atuação feminina ganhou destaque na sociedade. O empoderamento das mulheres, que já chegaram a ser chamadas de ‘sexo frágil’, reflete na vida profissional – cargos que eram ocupados apenas por homens, atualmente, já são lugares de mulheres, todos no mesmo nível. Mas nem sempre foi assim. A socióloga Kamila de Oliveira explica que as mulheres, por muito tempo, foram educadas e preparadas para serem protagonistas dos lares e exerciam o papel de zelar. “A ideia de que a mulher é responsável pelo ambiente do lar e do cuidado dos filhos foi sendo firmada graças a uma sociedade pautada no patriarcalismo”, lamenta.
A professora explica que a introdução das mulheres no mercado de trabalho começou durante a primeira e a segunda Guerra Mundial, quando algumas mulheres precisaram assumir algumas funções que eram exercidas pelos homens que haviam sido enviados para o combate.
Kamila ressalta que, mesmo com muitas dificuldades e discriminação de gênero, a evolução do mercado de trabalho feminino é constante. “Em muitas famílias, as mulheres continuam sendo as responsáveis pelas atividades domésticas e pelo cuidado de filhos, gerando uma sobrecarga para aquelas que também estão no mercado de trabalho. As mulheres já conquistaram um espaço na sociedade e continuam lutando por ele.”
ENGAJAMENTO SOCIAL
A socióloga frisa, também, que, além de lutarem pelos seus direitos, as mulheres se destacam à frente de entidades sociais e trabalham com assistência social, que é um papel culturalmente reservado às mulheres. Em Venâncio Aires, muitas mulheres são ativas em entidades, encaram a responsabilidade e estão à frente de trabalhos de destaque do município. Conheça algumas mulheres que inspiram:
“Normalmente as mulheres estão à frente de entidades por terem mais sensibilidade, força e principalmente coragem de lutarem pelos seus direitos e pelo direito do outro. O olhar feminino, cheio de zelo e amor, torna essas atividades mais especiais.”
KAMILA DE OLIVEIRA
Socióloga
Izaura, a primeira vice-prefeita
A enfermeira Izaura Bernadete Bergmann Landim, 53 anos, é a primeira mulher eleita vice-prefeita em Venâncio Aires. Para ela, a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis da vida política, econômica e privada passa pelo interesse do Estado em definir estratégias que construam uma sociedade mais igualitária. “Me orgulho em fazer parte do grupo de mulheres que têm quebrado tabus dentro da política. No meu dia a dia como vice-prefeita, a seriedade e dedicação com que trato minha função e a postura íntegra como conduzo minhas atitudes, fez com que eu conquistasse o respeito e a admiração das mulheres que confiaram seu voto em mim e me tornaram a primeira mulher vice-prefeita.”
Izolde e as ações da ONG Planeta Vivo
A gestora ambiental Izolde Musa da Silva, 60 anos, é presidente da ONG Planeta Vivo e coordenadora geral dos projetos da entidade, criada em 2005 para desenvolver programas ambientais e sociais, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade. A ONG desenvolve projetos específicos, com crianças, adolescentes, jovens e famílias envolvidas com problemas de drogas, por meio do programa ‘Em Defesa da Vida’.
Desde março do ano passado, o foco maior é auxiliar famílias atingidas pela crise econômica por conta da Covid-19. De segunda a sexta-feira, a instituição distribui alimentos para cerca de 25 famílias. “A motivação que nos impulsiona vem daquele que viveu 33 anos entre nós, o maior pedagogo que nos deixou o ensinamento da vivência do verdadeiro amor: Jesus Cristo”, afirma Izolde.
Janete, a primeira-dama
A primeira-dama Janete Teresinha Seifert da Rosa, 46 anos, está engajada em ações para auxiliar a comunidade, entre elas, a campanha de arrecadação de material escolar para crianças carentes do município. Antes de atuar na prefeitura, Janete cuidava do lar e garante que todas ações na nova atuação estão sendo realizadas com carinho. “Sempre desenvolvi trabalho voluntário junto com a comunidade, um trabalho que faço com muito amor ao próximo.”
Nais e a causa animal
A ONG Amigo Bicho também conta com uma mulher na presidência: Nais Elisete de Andrade, 58 anos. Além de recolher animais em situação precária e de abandono, a ONG também auxilia em questões de saúde. Nais destaca que a Amigo Bicho está a há 10 anos fazendo um trabalho totalmente voluntário. “Desejo profundamente que todos animais sejam livres da escravidão humana, da fome, da dor, do frio e das correntes. Quando digo todos, incluo os bovinos, aves, suínos, peixes. Por isso, não como carne e nem os derivados dela. Somos todos filhos de Deus, portanto somos irmãos.”
Sandra e a Liga de Combate ao Câncer
A administradora Sandra Maritza de Siqueira Schifelbein, 53 anos, é a presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Venâncio Aires. Prestadora de trabalhos voluntários há 25 anos, está na entidade há um ano e meio. A Liga auxilia cerca de 190 pacientes diagnosticados com câncer, com medicações, exames, suplementação nutricional, dieta para uso via sonda, leite, empréstimo de cadeiras de rodas e cama hospitalar, auxílio para deslocamentos, fraldas, fisioterapeuta e nutricionista. “Eu sou uma paciente oncológica e, ao ser diagnosticada, tive mais contato com pessoas doentes e pude ver o quanto as pessoas mais carentes têm dificuldades e uma série de necessidades e o quanto a falta de recurso dificulta no tratamento e na cura. Isso me motivou mais ainda a perceber o quanto a Liga impacta na vida dessas pessoas e também do maravilhoso trabalho de motivação e autoestima que as voluntárias da Liga levam aos pacientes.”
Vera, a presidente do Comitê de Ação e Cidadania
A empresária Vera Sueli Wachholz, 71 anos, foi uma das fundadores da Casa de Acolhimento e atualmente é a presidente do Comitê de Ação e Cidadania Contra Fome, Miséria e Pela Vida, que coordena a entidade. O espaço que acolhe crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, oferece lar, alimentação e oficinas para os usuários. Além de trabalhar a inclusão na sociedade e no mercado de trabalho. “Trabalho voluntário é uma maneira de agradecer a Deus ajudando o próximo. Me sinto na obrigação de ajudar a nossa comunidade.”
Sara e o voluntariado na Paresp
Sara da Rosa, 78 anos, é coordenadora e umas das fundadoras da ONG Parceiros da Esperança (Paresp). A entidade atende mais de 100 crianças e adolescentes em vulnerabilidade social, no turno oposto da escola. Oferece diversas oficinas sociais, escolares, esportivas e recreativas, além de refeições como almoço e lanches. Mensalmente, as famílias também são auxiliadas com ranchos, feitos a partir de doações da comunidade. A professora aposentada que está há 15 anos na ONG ressalta que o objetivo é promover a proteção das crianças. “O que me move é não ver mais essas crianças nas ruas, sem rumo. É uma paixão por fazer o bem e ter esperança que elas sejam cidadãos do bem, uma geração melhor.”
Ana e as lutas da ONG Alphorria
A advogada Ana Lúcia Landim, 59 anos, é coordenadora do Movimento dos Afrodescendentes de Venâncio Aires (ONG Alphorria). A entidade fundada em 2011 tem como objetivo o combate às desigualdades raciais e realiza atividades sociais, educativas, culturais, esportivas, da saúde do trabalho e dos direitos em geral.