Ontem, saí mais tarde do trabalho. Era por volta de 19h30min e, com o fim do horário de verão, já estava escuro.

Perto de casa, atravessei a rua. Na calçada, caminhava um homem que, olhando de relance, parecia um simpático pai de família (tipo não muito alto, meio barrigudinho, de camisa e sapato social).

Estava alguns passos na sua frente, caminhando o mais perto possível do meio-fio, já que boas moças de família aprendem essa lição, para que não sejam encurraladas por alguém mal intensionado.

Divagava tranquilamente com meus pensamentos, até que vejo a sombra do homem se sobrepor a minha. E pelo lado mais próximo ao meio-fio.

ô-ou. Eu estava encurralada. Bela moça de família que me saí.

– Temperatura agradável tem nessa cidade.

Meu-Deus-do-céu. De repente, o simpático pai de família virou um estuprador/assassino/bandido/serrial killer. E ele estava falando comigo.

Minha expressão foi de total espanto.

– Se bem que está meio quente hoje.

Minha expressão continuava de total espanto com um pouco de preocupação.

– Você mora há tempos na cidade?

Minha expressão já misturava espanto, pânico e ansiedade. Olhava para os lados, em busca de outras pessoas circulando pela rua. Alguém, afinal, poderia me salvar.

– Todas as pessoas caminham rápido assim por aqui?

Nem preciso dizer que eu estava praticamente correndo, não é?

Finalmente, cheguei na esquina de casa, e me livrei do estuprador/assassino/bandido/serrial killer.

Ainda olhei por sobre o ombro, para ver se ele não estava me seguindo.

Entrei em casa, tranquei bem a porta, e fiquei com meus pensamentos:

Que mundo estranho esse que nos faz ter tanto medo de outros seres humanos.