Neste aspecto, confesso que nunca fui bom exemplo. Não gosto de usar meia, blusão, casaco, pantufa, mas filho tinha que sair igualzinho?
Bruno não tem jeito. Na volta da escola, já entra no carro tirando os tênis, e antes mesmo de chegar em casa, já está de pés descalços. O casaco e o moletom, já tirou na saída da sala, e a mochila é quem chega em casa bem quentinha, cheia de roupa.
De bochechas rosadas, suas brincadeiras envolvem correr, pular, se atirar no piso frio e travar lutas barulhentas com o irmão menor. Logo, está suado, achando muito quente a tarde fria, e me pede:
– Mãe, me dá uma água gelada.
E eu, que estava mais a fim de um café com leite bem morninho, vou até a geladeira e volto com uma garrafa quase a ponto de congelar.
Thomaz copia o irmão e, quando vejo, já está de pés descalços também.
– Vem cá, gurizinho, deixa eu colocar de novo estes tênis em ti, ou esqueço da tal lei da palmada.
Digo que precisam se cuidar, que vão ficar doentes, que vou deixar os dois de castigo. Me dou conta que também estou sem casaco, sem meias, sem um agasalho que sirva de exemplo. Ignoro a lição e entro na brincadeira, afinal de contas, quer estratégia melhor para se aquecer do que se mexer? E quer jeito melhor de se mexer do que brincando com dois meninos?
Xô, frio! Vai espantar quem se encolhe. Aqui, a brincadeira é mais embaixo.
