
Um curioso procedimento foi assunto de discussões nesta semana, após o prefeito de Itajaí, em Santa Catarina, Volnei Morastoni, anunciar que o município fará parte de um estudo que utiliza a ozonioterapia por via retal no tratamento de pacientes com coronavírus, pessoas criticaram o método. Em Venâncio Aires, esse procedimento já é utilizado para tratamentos estéticos e terapêuticos, e pode ser aplicado em diversas partes do corpo.
A farmacêutica, esteta e ozonioterapeuta Juciane Franco explica que a ozonioterapia é uma aplicação de ozônio, que aumenta a circulação de oxigênio no organismo. É utilizada para tratamentos estéticos, cura de feridas, amenização de rinite, combate de bactérias, fungos e vírus no geral. “É um procedimento usado há mais de 100 anos, inclusive durante a Segunda Guerra Mundial, foi usado para tratamento de feridas dos soldados, porém, com aplicação em outras partes do corpo”, afirma.
O assunto teve repercussão exatamente por causa da região que seria aplicado, contudo, existem outras formas de fazer. “Tem uma ampla área de atuação e a aplicação por via retal é apenas uma das vias que se aplica”, esclarece Juciane. A aplicação pode ser feita por injeção subdérmica, intramuscular, intravaginal, retal e auricular. “Para tratamento de candidíase, é aplicado no órgão genital feminino. Para rinite e sinusite, é via auricular”, exemplifica, ao observar que o gás ozônio nunca deve ser inalado.
A profissional explica que o tratamento por via retal também beneficia algumas pessoas, pois ele é aplicado em casos de problemas de disbiose intestinal – desequilíbrio da flora bacteriana do intestino que reduz a capacidade de absorção dos nutrientes e causa carência de vitaminas -, estufamentos, diarreias, prisão de ventre, tratamento de emagrecimento e outros. “A mucosa intestinal é ricamente vascularizada, portanto, o ozônio pode ser completamente absorvido pela circulação sistêmica, atuando no organismo como um todo”, diz.
Na opinião de Juciane, o prefeito de Itajaí foi infeliz na forma de abordar o assunto, pois para algumas pessoas essa aplicação causa constrangimento. “Eu sei que, para alguns pacientes, não se pode oferecer que pode causar um bloqueio psicológico, mas outros aceitam e até procuram pois é eficaz.”
Covid-19

Segundo a profissional, existem estudos em outros países, como Alemanha, que evidenciam que a ozonioterapia é eficaz no combate ao coronavírus, porém, no Brasil, os estudos ainda são recentes. Por isso, o município de Itajaí irá convidar pacientes que testaram positivo para participar do estudos. Esse método de estudo já acontece em três hospitais do Rio Grande do Sul.
Juciane frisa que a ozonioterapia não é uma terapia alternativa, mas sim integrativa, sendo usada juntamente com as terapias convencionais. Desde 2018, o procedimento está inserido nas práticas integrativas do Sistema único de Saúde (SUS).
Médicos não podem aplicar o procedimento
O Conselho Nacional de Medicina não permite que médicos utilizem a ozonioterapia em consultórios, só é liberado para fins de estudos experimentais, como será feito no caso que o prefeito Morastoni anunciou. Já os farmacêuticos, biomédicos, dentistas e enfermeiros podem utilizar para tratamentos terapêuticos.
Em junho, a Associação Brasileiro de Ozonioterapia (Aboz) obteve autorização do Conselho Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), para liderar dois estudos com ozônio, sendo um deles em pacientes ambulatoriais e outro com pessoas internadas com Covid-19.
- A aplicação é feita por sonda ou seringas com agulhas, depende da região do corpo.