Sempre lidei melhor com pessoas do que com bichos. Mesmo com crianças ranhentas e sujinhas.
Sei lá, bicho sempre te cheiro de quem comeu ração. Acho que se as pessoas comessem ração, eu também me invocaria com elas.
Mas os bichos são bonitos, fofos, imponentes, incríveis. Só não quero ter um na minha casa. Não quero lambidas (argh, principalmente de gato, porque é áspera; e de cachorro, porque é lambuzada).
Não sou má, acreditem, apenas quero o nosso bem, meu e dos animais. Se é para ter, que seja com carinho e cuidado. Não vou atirar um bichinho no pátio só porque argumentam que é bom para as crianças.
Dia desses, ao buscar meus meninos na escola, estacionei em frente a uma agropecuária e pet shop, com diversos bichinhos a venda.
– Mãe, por que tu não me dá um cachorro?
– Mãe, eu quero um bichinho.
Neste momento, aparece um senhor na porta e me oferece um cachorrinho de uma ninhada que tem em casa.
– é linguicinha, eles vão adorar.
Thomaz, bem ensinadinho, não pensou duas vezes.
– Mas eu não posso ter um cachorrinho, eu não vou saber limpar ele quando fizer cocô.
Sim, meus garotos sabem que se um dia quiserem muito um amigo peludo, terão que se responsabilizar pelos cuidados.
Bruno também não se voluntariou para assumir um animal de estimação.
Mas a conversa se encompridou, fala um, fala o outro, falam os dois ao mesmo tempo, falamos os três juntos. Ninguém se entende, mas a conversa está divertida e Thomaz lembra com entusiasmo de “Blue” – o papagaio azul do filme que havíamos visto.
– Mãe, quem sabe, então, tu nos dá um papagaio, assim como o Blue!!
– Isso, mãe, dá um papagaio para nós.
– Desculpem, meninos, mas mais uma criaturinha falante lá em casa, nem pensar!!
Gente, sério, tá difícil competir por espaço com meus meninos, se tiver mais um papagaio lá em casa, vou precisar de um psicólogo para me ouvir.
– Façamos assim, galera, quando se acharem preparados, a gente providencia um bichinho. Que não fale, claro.
