Foto: Reprodução Facebook / Tudo & TodasFoto que a professora postou em seu Facebook
Foto que a professora postou em seu Facebook

Durante o dia de hoje, um assunto chamou a atenção nas redes sociais, especialmente no Facebook. Seguindo a linha de roupas polêmicas, dessa vez uma saia cinza escuro roubou a cena.

Para entender melhor o que aconteceu, eu explico: uma professora de Ensino Fundamental, de uma escola do interior de Minas Gerais, foi trabalhar usando uma saia um pouco acima do joelho. Eis que, depois de algum tempo, a educadora foi chamada até a sala da direção.

Assustada, a profissional acreditou se tratar de algum assunto sério, porém quando chegou ao local, foi surpreendida com a repreensão por parte da diretoria. Segundo a professora Lígia Moraes, a diretora do educandário explicou que por ser jovem, às vezes, a profissional poderia não se dar conta das roupas que vestia.

A diretora continuou falando que as roupas de Lígia não eram apropriadas para o trabalho, já que quando os alunos mais velhos, que estão na adolescência, a viam, ficavam curiosos e fascinados.

Indignada a professora postou um desabafo no Facebook, contando o que havia acontecido e deixando claro que não poderia usar saias, vestidos, ou leggings para, dessa forma, evitar os olhares dos meninos – cheios de hormônios.

Assim como Lígia, me senti indignada. Me senti usada e convivendo com uma sociedade que parece viver na era das cavernas. Sim, afinal só faltam a clava (aquele porrete que os homens da época utilizavam) e os gritos aos falarem com as mulheres. E olha que em alguns casos os gritos ainda se fazem presentes.

O que a professora, assim como eu, não entendemos é porque a saia, uma vestimenta simples e que estava acima do joelho, gerou tanta preocupação por parte da diretoria. Será mesmo que a saia é o problema ou será que são os jovens de hoje que deveriam ser educados de uma forma diferente?

Assim como a saia cinza escuro da professora Lígia, o vestido laranja da Maria e a legging preta da Joaquina já renderam comentários e olhares maliciosos. Mas, nem Lígia, nem Maria e, muito menos Joaquina, quiseram chamar a atenção. Pelo contrário, as três mulheres, que representam tantas outras, só quiseram e vestiram o que lhes deixava bem, o que lhes deixava confortável e de bem consigo mesma.

Lígia, Maria e Joaquina não estão erradas. Quem está errada é a sociedade machista e hipócrita que ao passar dos dias só cresce. Usar saia, vestido, legging ou blusa mais curta/decotada, para quem ainda não sabe ou se faz de bobo, não define caráter. Quando uma mulher usa roupa curta ela não está pedindo companhia, opinião e, muito menos, cantada. Ela está querendo se sentir confortável e, acima de tudo, tem o direito de vestir o que bem entender.

O problema não é a roupa. O problema não é o que a mulher usa ou deixar de usar. O problema é a sociedade e seus ensinamentos. O problema maior é como os pais e muitas vezes as mães, ensinam seus filhos a se portarem diante de algumas situações. Se a mulher está com perna de fora, meu caro, você não tem o direito de ofendê-la, de cantá-la descaradamente ou de forçá-la a algo que ela não queira. Você, como menino ou homem, tem o dever, isso mesmo dever, de respeitá-la e tratá-la como um ser humano que merece educação.

Não é porque você está com os hormônios a flor da pele que pode destratar alguém. Isso não é motivo e muito menos desculpa, isso, na verdade, é falta de educação e de caráter. Mulher pode usar o que bem entender e quando quiser, afinal não é roupa que define caráter e torna alguém melhor ou pior. O que define isso, é o seu comportamento e a sua postura.

Maltratar, estuprar ou força algo não te torna mais homem, na verdade, te faz um babaca e completo imbecil. Você não vive na era das cavernas, mas se em algum momento pensou que vivia, sugiro que você pegue sua clava e vá viver no fundo dela sozinho.

Quanto a professora Lígia, que talvez nunca leia esse texto, deixo apenas minha admiração, aplausos e respeito. Espero que ela sirva de exemplo para muitas mulheres e que muitas instituições percebam que proibir determinado tipo de roupa não faz com que a produção e o trabalho sejam melhores, pelo contrário, mostra uma posição retrógrada e desnecessária para os dias de hoje.

Minha cara Lígia, professora, secretária, médica, bancária, faxineira, telefonista, jornalista, publicitária ou qualquer outra profissão: pode e deve usar saia sim. Liberdade para se expressar e vestir o que quiser é primordial.

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