Talvez você nem esteja à procura de um marido, mas sempre há dentro de você um gene ancestral que teima em encontrar um parceiro, se reproduzir, e garantir a sobrevivência da espécie. Jurássico, eu sei, mas é a mais pura realidade.
Graças às suas tataravós e todas que vieram antes delas, você está atenta a qualquer macho alfa que se aproxima.

Avalia primeiro o porte físico, afinal, é preciso fisgar um bom caçador, que vai prover toda a família com carne fresquinha de tigre-dente-de-sabre. Em seguida, confere traços básicos, como cor da pele, do cabelo e dos olhos, afinal, é preciso uma boa combinação de DNA.
Aí você se lembra que, na verdade, está no século XXI e que agora, tigres-dente-de-sabre estão extintos.
Então você olha para o sujeito e tenta ver outros sinais de que ele pode prover muito bem a família. O jeito como ele está vestido, como fala e se comporta, alguma apresentação que alguém já tenha tido tempo de fazer, enfim, tudo pode servir para o dossiê.
O passo seguinte e crucial é descobrir se esse macho alfa está disponível.
Aqui, pressupõem-se que ele não tenha chegado no ambiente com uma esposa e filhos à tiracolo. Ele está sozinho, e você quer saber se já existe outra fêmea dominando aquele campinho. Primeiro passo, é checar a existência de aliança nos dedos. Se tem, pode passar a vez. Se não tem, ainda não precisa ficar animada: vai ser necessário stalkear o Facebook, Instagram e Tinder, para verificar a disponibilidade.

Todas essas ponderações, claro, ocorrem em menos de um minuto, em uma série de sinapses que os genes ancestrais são muito espertinhos para fazer.
Então você cai em si, e se lembra que é uma mulher moderna, independente, e que não precisa se reproduzir para perpetuar a espécie. Já tem bastante gente garantindo essa parte.
Isso, claro, até o próximo macho alfa chegar no recinto.
Gente, acho que ele está olhando para mim!