Trabalho como psicóloga na Liga Feminina de Combate ao Câncer e recentemente senti na pele os relatos sofridos e esperançosos de pacientes e familiares sobre o que é receber o diagnóstico positivo para câncer.
Aconteceu com o meu marido, e hoje consigo perceber, talvez, a grande oportunidade que nos foi dada.
Quando pensamos em câncer, a primeira coisa que nos vem à cabeça é de que vamos morrer, pois o diagnóstico ainda é carregado de muitos mitos, dúvidas, incertezas e medos. Muitos medos. O desconhecido assusta e desorganiza psiquicamente as famílias. Não se sabe como vai ser, o que vai acontecer, se vai doer. Porém, nesta desorganização, nas dificuldades enfrentadas, nos desabafos compartilhados, nas histórias de superação ouvidas, muitos vínculos também se refazem, muitas forças se somam, e muitas pessoas se encontram.
Aí, para mim, está o grande lance de tudo.
No fundo, o câncer pode ser uma grande oportunidade, apesar de difícil, sofrida, cansativa e toda a gama de dor que carrega consigo. Pode ser uma segunda chance, ainda em vida, de reorganizar as coisas, desfazer-se do que não serve, mudar de vida, fazer as pazes, se valorizar, fazer o que gosta, e de viver a vida com toda a extensão que a palavra permite.
Como o Outubro Rosa é o mês destinado à prevenção do câncer e troca de ideias sobre o assunto, gostaria de sensibilizar as pessoas para a prevenção, para o cuidado consigo mesmo, para a atenção à sinais importantes e incômodos. Por mais que o medo de descobrir algo assombre noites de sono, principalmente em função do crescente número de casos, descobrir cedo e tratar adequadamente, podem trazer como consequência bons prognósticos.
Aqui cabe a citação sincera e verdadeira de uma colega de profissão e amiga do peito, Daniela Graef: “o que é já é”, então quanto antes for feito algo à respeito, melhor.
Agradeço à Deus pelo fato do meu marido estar bem e o diagnóstico ter sido precoce. Ter estado com ele neste momento e poder compartilhar com ele a vida hoje, através de novas lentes, é uma dádiva gigantesca.
Abraços, Adri!
