A política realmente me surpreende a cada dia. Nesta semana certamente o assunto mais comentado foi a polêmica envolvendo a Xuxa e o deputado Pastor Eurico (PSB-PE). Na discussão sobre o projeto de lei que pune agressores de crianças e adolescentes no ambiente familiar (lei da palmada) com a Comissão de Constituição da Câmara, o deputado se referiu ao passado de Xuxa e aos famosos filmes adultos que a loira protagonizou.
A situação comprova que muitas vezes o passado pode condenar. A “Rainha dos Baixinhos” sentiu isso nesta semana. O preço da fama, especialmente no início de carreira, muito antes dela ser apresentadora infantil repercutiu novamente, mesmo ela fazendo de tudo para proibir a exibição do filme no país.
Um assunto tão importante ganhou as páginas de jornais em todo país, com um fato não tão legal. O problema também é da criação de um personagem, que talvez não se comprometa tanto com a qualidade do que é mostrado para a criançada. Me parece um pouco artístico demais, e pouco preocupado com as reais necessidades da sociedade atual, e da desestruturação das famílias brasileiras.
Mais uma vez, um grande conglomerado tenta impor uma ideologia. A Xuxa para mim, nunca representou uma rainha, muito menos dos baixinhos.
Se bem que a discussão não pode ficar em torno disso. O fato é que o Brasil precisa proteger ainda mais as crianças, e promover leis que possam fazer isso. Mas a reação do deputado foi tão polêmica (para alguns), que ele foi expulso da comissão. Ele afirmou que, “em 1982, ela cometeu a maior agressão contra crianças”, em referência à participação da apresentadora, como atriz, no filme “Amor, Estranho Amor”. Xuxa não respondeu às críticas do deputado. Em um momento, ela sorriu para ele e fez sinal de um coração com as mãos.
Logo após falar no microfone, o deputado foi vaiado e aplaudido ao mesmo tempo por pessoas que acompanhavam a sessão. A fala de Pastor Eurico gerou desconforto no plenário da CCJ e outros parlamentares usaram o microfone para defender Xuxa e criticar a atitude do deputado.
A situação da Xuxa abafou um debate importante que deve ser discutido entre toda a sociedade. A lei da palmada, que teve o nome mudado recentemente, para Menino Bernardo. Ela prevê que os pais que agredirem fisicamente os filhos devem ser encaminhados a cursos de orientação e a tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de receberem advertência.
A matéria não especifica que tipo de advertência pode ser aplicada aos responsáveis. As crianças e os adolescentes agredidos, segundo a proposta, passam a ser encaminhados para atendimento especializado.
O texto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para incluir trecho que estabelece que os menores de 18 anos têm o direito de serem “educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante” como formas de correção ou disciplina.Pena que o fato da polêmica entre o Pastor e a Xuxa tenha ganhado mais espaço do que a própria lei que está em discussão. De fato, muitas coisas precisam evoluir neste país.