Relacionamentos às cegas pode dar casamento?

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O reality show ‘Casamento às Cegas – Brasil’, divulgado pela Netflix, está dando o que falar. Com novos episódios lançados a cada semana, o programa não demorou muito para conquistar o público nacional. A atração, que conta com a apresentação de Camila Queiroz e Klebber Toledo, traz participantes do país inteiro em busca de um relacionamento perfeito. Eles iniciam os ‘encontros’ em cabines separadas e começam a conversar, sem se ver. A partir disso, começam o relacionamento e fazem o pedido de casamento para, só então, se encontrarem pessoalmente. Mas, afinal, será que o início de um relacionamento às cegas pode se transformar em um casamento duradouro?

A psicóloga clínica Raquel Bergamaschi explica que, além dos estímulos visuais, o olfativo e auditivo também podem provocar a atração física e o desejo sexual. “Vários são os hormônios e neurotransmissores responsáveis pela química entre duas pessoas. Ou seja, não é apenas aparência, mas o cheiro e a voz são capazes de atrair a reação imediata de apaixonar-se”, explica a profissional.

Raramente, a paixão acontece com pessoas que se conhecem bem. Isso geralmente ocorre no período em que os casais ainda estão se conhecendo melhor, quando muito sobre a outra pessoa ainda é misterioso. “No estágio da paixão há uma idealização, passamos a enxergar no outro aquilo que desejamos que ele seja, e não o que realmente é. Desta forma, pretendemos que ele corresponda às expectativas criadas pela nossa fantasia”, comenta.

Contudo, ela argumenta que o contato físico é muito importante para se manter um laço de união em qualquer relacionamento, pois a troca de afeto fortalece o vínculo entre o casal. “Embora na fase inicial do relacionamento o desejo do contato físico seja mais intenso e haja uma necessidade maior do tato, o toque como uma linguagem do amor é uma constante e não tem a ver apenas com sexo, ele está presente no abraço, no beijo, no carinho, no dar as mãos”, destaca Raquel.

Aparência física

De acordo com a psicóloga, a aparência por si só não é suficiente para sustentar um relacionamento. Além disso, também não existe uma definição específica do que é bonito ou feio. “Na verdade, isso depende da ótica de cada um. O que faz alguém se apaixonar, muito além da aparência, é a atitude que o outro demonstra”, complementa.

Em qualquer relacionamento, a distância ou não, vão existir aspectos positivos e negativos. Tudo vai depender das pessoas envolvidas nesta relação. “Em alguns casos, a falta do contato físico e do contato visual pode ser sentida como algo negativo, ou então, visto de maneira positiva, quando o diálogo é mais enfatizado, as pessoas têm a oportunidade de se conhecer melhor”, afirma Raquel.

Ela observa que o certo é que, perto ou longe, coisas boas ou desagradáveis podem acontecer. “O sucesso do relacionamento vai depender de cada um e também de como o relacionamento é construído”, acredita.

“Vários são os hormônios e neurotransmissores responsáveis pela química entre duas pessoas. Ou seja, não é apenas aparência, mas o cheiro e a voz são capazes de atrair a reação imediata de apaixonar-se.”

RAQUEL BERGAMASCHI Psicóloga

Sobre o reality

Nos dias de hoje, as pessoas estão bem mais focadas na aparência e, algumas delas, buscam relacionamentos baseados nesta teoria, sem muita profundidade. No reality show ‘Casamento às Cegas – Brasil’, esta concepção é diferente. “Achei interessante no reality o fato de as pessoas se conhecerem conversando com o outro de modo incansável, sem superficialidade e interferências positiva ou negativa da aparência física”, observa a psicóloga, destacando que, no reality, a conexão entre os casais independe do uso de dispositivos tecnológicos.

Outro ponto interessante mencionado pela profissional é de como se dá a ordem dos acontecimentos e como os sentimentos funcionam no reality: primeiro vem a paixão/amor, depois o compromisso e, por último, o encontro.

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