No ano passado, só o Thomaz me acompanhou. Neste ano, cedo tirei os garotos da cama, já que estavam convocados para nosso compromisso matutino. Era sábado, a preguiça chegou a dar as caras, mas logo estávamos prontos e felizes. Ou quase isso.
– Mãe, por que mesmo preciso ir junto? Posso ficar com o pai?
– Não, Bruno, o pai vai trabalhar também. Preciso de vocês dois hoje para me ajudarem no Natal para ser solidário.
– No quê?
– é um evento que a Folha promove todos os anos na Praça, auxiliando entidades.
– O que é entidade?
– Vamos, Bruno, lá tu descobre.
Doações no carro, crianças no carro, família a postos. Cada um com seu compromisso. Deixamos o Cristiano na empresa e seguimos para a praça.
Claro que quando saio com eles, não espero poder auxiliar muito nas tarefas da equipe, mas não deixo de me fazer presente. Achei um canto para deixar as doações enquanto aguardava pelas entidades, já que Thomaz precisava de colo. Ele não queria, ele precisava. Sim, filho, vem com a mãe. E lá vou eu com a mesma fala de sempre:
– Logo ele se solta.
E até que não demorou muito. Estávamos na praça, o dia estava lindo e o pequeno lembrou da areia.
– Quero brincar na pracinha.
– Tudo bem, vamos lá.
Escorregador, balanço, areia. Na rosto, na boca, dentro dos tênis.
– Mãe, tem areia aqui;
– Claro que tem. Tem areia aí, aqui e acolá. Quer brincar na areia é assim mesmo.
Uma manhã para incentivar as ações solidárias e se deixar contagiar pelo clima natalino. Também para se sujar de areia, comprar uma guirlanda, comer cachorro quente e fazer a nossa doação.
Entre as atrações, a estante do Desapego literário. Assim que a viram, Bruno logo escolheu um gibi para ler, Thomaz se interessou por um clássico de Guimarães Rosa. Garibaldi e Manoela. Todo em preto e branco, quase sem ilustrações.
– Quero esse.
Não dei muita atenção, mas ali estava o baixinho ao meu redor:
– Mãe, compra!
– A mãe vai ver.
– Compra, mãe, é de herói.
Como não estava a venda, e sim disponível para a troca, fiquei devendo um para a estante, mas Thomaz seguiu feliz para casa com sua aquisição. Bruno, feliz com sua guirlanda de Natal e com a manhã que desfrutamos nós três, entre evento, pracinha e carrocinha de cachorro quente. Entre as brincadeiras de lutinha fora de hora e de lugar e a pausa para a leitura.
Eu fui para casa feliz com a participação da comunidade no evento, com o belo trabalho das entidades, com a companhia de meus garotos. Que venha o Papai Noel.