Resolvi que o Dia das Mães seria o momento certo para retomar um hábito perdido há anos. Quem me conhece, sabe o quanto adoro andar em cima de um salto. Bem alto e fino, de preferência. último recurso da baixinha aqui. Não há cirurgia plástica que me interesse, mas se houvesse alguma coisa que me desse três ou 20 centímetros a mais na vertical (claro), ah, eu pensaria seriamente.
Odeio bainha de calça, ajuste no vestido, rasteirinhas e botas ‘over de knies’, em mim chegam quase na cintura. Tenho um ou outro tênis colorido, de passeio, que uso nos fins de semana, ou para ir ao mercado, mas meus pés começaram a dar sinais, e minha mãe também. Vi que precisava tomar uma atitude.
Se uso muito calçado de solado reto, o calcanhar já se manifesta, ou a base plantar, se é assim que se chama. Foi quando me dei conta de que não tinha UM único tênis de caminhada. Como assim? Eu, que já fui rata de academia, que malhava de segunda a sábado, às vezes em dois horários no mesmo dia. Que já fiz aeróbica, step (com direito a collant por cima da meia calça e polainas), dança, musculação, corrida, caminhada, Yoga, patinação, vôlei, futebol, e qualquer outro esporte que surgisse em minha frente.Pois decidi, a mesma maternidade que me tirou de cena, vai me trazer de volta:
– Quero um tênis da caminhada no dia das mães.
Um presente que é um símbolo de recomeço, de retomada. De amor próprio. Fomos todos até a loja escolher. Família inteira acabou presenteada. ‘Guids’ novos, galera!Estou aos poucos recolocando o calçado estranho e espalhafatoso na minha rotina. Assim como a velha calça de ginástica. Sinto meus pés agradecidos, mas ainda falta estabelecer uma PROGRAMAÇÃO de prática desportiva.
Os dias andam curtos e logo escurece, mas já intimei um parceiro superespecial para me dar força, o Bruno. Quero ser exemplo de vida saudável para ele e para o Thomaz, e sei que meu garoto também precisa se mexer.
– Bruno, pedi um tênis para caminhar contigo.
– Ah, mãe!
– Sim, preciso de um parceiro para minha caminhada. Quer ter uma mãe saudável e ativa? Então, me ajuda. Sem falar que vai ser bom para ti também.
No sábado, o tempo ajudou. Calcei meus tênis multicoloridos, convoquei meu menino grande e fomos explorar as redondezas. Cinco minutos se passaram:
– Mãe, já podemos voltar?
– Claro que não.
Dez minutos:
– Estou cansado.
– Mas recém-saímos de casa.
– Precisamos voltar.
– Hahahahahha. Vai tentando, gurizinho.
Aos poucos, Bruno foi se acostumando com a ideia e começou a gostar.
– Mas, mãe, onde é nossa casa? Quando vamos voltar?
– Daqui a pouco.
– Até que é legal caminhar contigo.
Sobe ladeira, desce ladeira, 40 minutos depois, estávamos em casa.
– Sabe que eu gostei de passar esse tempo junto contigo?
– Sabe que isso era tudo o que eu queria ouvir?
Nossa caminhada não nos tornou atletas. Ainda precisamos melhorar nossa marca e aumentar nosso trajeto. Precisamos incluir a caminhada na rotina. Mas o primeiro passo foi dado, de tênis, e com a melhor e mais reclamona companhia do mundo.
Thomaz ainda vai ter que esperar, porque no ritmo dele não vamos queimar as calorias que precisamos, não é mesmo, Bruno?!