Sempre achei que devemos observar tudo o que ocorre ao nosso redor. Não podemos ficar presos ao nosso mundinho. Claro, precisamos pensar em nós, mas por que não pensarmos no próximo?
Precisamos sair da nossa zona de conforto, pois é necessário que busquemos o novo, que lutemos por nossos ideais, nossos sonhos, nossos planos.
Muitas vezes, estamos tão acostumados a olharmos somente para aquilo que nos interessa, que esquecemos de ver de fato a realidade desse mundo.
A correria do dia a dia nos toma tempo. às vezes, não conseguimos visitar nossos amigos com frequência, mal conversamos com nossos pais e nossos familiares, porque precisamos estudar, trabalhar, fazer temas, academia, cursos. Queremos crescer como seres humanos e profissionais, e é natural que façamos tudo isso, porque afinal, pensamos no nosso futuro.
Embora eu saiba que seja tão importante tudo isso, ao mesmo tempo me entristeço por não poder dar atenção o suficiente aos meus amigos. Fico triste por chegar tão cansada em casa à noite e ainda com um turbilhão de coisas para fazer, que então mal tenho tempo para conversar com os meus pais. Eu converso, mas não tanto como eu gostaria. Eles entendem, porque afinal, também estão cansados e precisam dormir e repousar. Dedicamo-nos tanto às coisas, que, muitos de nós, acabamos deixando de lado um pouco da “vida social”, curtição do dia a dia. Deixamos de lado as diversões, o sono, o descanso, porque um turbilhão de pensamentos tomam conta da nossa mente. Os compromissos aumentam, o cansaço também. Não adianta, somos humanos, eu, você, nós, caro(a) leitor(a), cansamos.
à medida que crescemos, muitos de nós refletimos sobre quão grande é a inocência de uma criança que, mesmo tão pequena, já pensa em ser adulta. A menina querendo usar os sapatos da mãe, o menino querendo brincar de ser um “homem de negócios” como o pai. Mal sabem, que a vida de “gente grande” não é tão fácil quanto parece ser. Somente é fácil para quem se acomoda e fica na zona de conforto. Gente grande trabalha, dorme pouco, estuda muito, luta muito. Gente grande se responsabiliza por muita coisa, tem uma vida corrida.
Certo dia, caminhando na rua, uma cena me chamou a atenção. Não sei se era porque estava mais observadora ou porque de fato já tinha visto isso algumas vezes. Parei para refletir sobre um senhor que estava deitado no banco da praça. Não conseguia ver o seu rosto, porque estava coberto por um casaco.
Esta não foi a primeira vez que vi alguém deitado, desmotivado pela vida, dormindo em um banco de praça pública. Então pensei: quantas vezes em nossa vida, passamos pelas mesmas pessoas e não sabemos o que de fato se passa em seu coração, em sua casa, em sua família? Claro que na vida tudo o que nos acontece deriva de escolhas, gera aprendizado e amadurecimento. Não podemos nos culpar por alguém não lutar pela vida e ficar deitado passando fome ou até mesmo frio. Mas cenas como esta, que estava diante dos meus olhos, para muitos, passa despercebida.
Agora eu pergunto: quantas pessoas em nossas vidas estão com sérios problemas de saúde e por nós passam despercebidas? Quantas pessoas estão sofrendo por dentro, mas por fora sorriem para fazer suas dores passarem despercebidas? Quantas pessoas, mulheres, por exemplo, passam por nós na rua e em casa apanham do marido ou até mesmo possuem um filho que entrou no mundo das drogas?Quantas pessoas conversam com nós, todos os dias, e sentem-se melhores pelo simples fato de termos doado um minuto de nosso tempo a elas? Tudo isso passa despercebido, porque nem sempre observamos tudo e, também, porque não temos como saber o que se passa dentro de cada um.
Muitas coisas em nossa vida passam despercebidas por nós. Podemos trabalhar tanto, estudar tanto, fazermos sempre o bem e acharmos que ninguém valoriza isso e que ninguém vê isso. Assim nos enganamos. Que continuemos então fazendo o bem, não importando a quem, porque afinal, diante dos olhos de Deus, nada disso passa despercebido!