Bruno assumiu um compromisso. Tornou-se o responsável por deixar florida a nossa sala.

Foi num dia desses, quando cheguei a tardinha em casa que o garoto me recebeu com um punhado de flores do campo, do brejo, ou de algum terreno baldio em que as encontrou. Eram flores pequenas, lindas e coloridas. Thomaz também tinha coletado algumas. Havia mais cores no rostinho deles do que em suas mãos.

– Que lindas! A mãe adorou.

Providenciei a menor das menores, das canecas que encontrei, pois eram flores pequenas e precisavam aparecer. Um boneco de neve e motivos de Natal enfeitavam o recipiente, lembrando que magia e encantamento florescem o ano todo. Meio fora de época, completamente dentro do contexto. E se formos pensar, o Papai Noel já vem vindo ali na esquina.

A decoração foi colocada em lugar de destaque na sala. Bruno logo entendeu que, a partir de então, havia assumido mais uma responsabilidade, cuidar das plantinhas e providenciar novas flores sempre que necessário. O menino recrutou seus ajudantes, Thomaz e a tata Geni. Sempre que necessário, saem em expedição pelas redondezas e percorrem a vizinhança em busca de algum jardim natural perdido no meio de terrenos baldios, que possa emprestar suas flores para enfeitar nossos dias.

Bruno assumiu um compromisso. Tornou-se o responsável por deixar florida a nossa sala. Mal sabe ele que desde o dia em que nasceu, mesmo sem querer, já deixou florida nossas vidas. As flores são apenas um pretexto para que eu possa mais uma vez apertar-lhe contra o peito.

– Obrigada, meu amor, a mãe adorou!