Vítimas de preconceito, Ludmilla e Paulo denunciam agressores por injúria racial

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Os últimos dias têm sido marcados por barbáries. O caso do estupro tomou conta de nossas timelines, mas junto a isso, os casos de racismo estão cada vez mais sendo escrachados. Vou citar duas recentes situações que acompanhei pelas redes sociais e vi replicadas no Fantástico, neste domingo. Uma de uma figura pública, a funkeira Ludmilla, e o gerente de supermercado, do Rio de Janeiro, Paulo Navarro.

O que os une? São cidadãos negros em um mundo cheio de racistas.

CASO LUDIMILA

A cantora Ludmilla contou sobre as injurias raciais sofridas recentemente. Ela já foi alvo de discriminação em outras ocasiões, mas desta vez levou a questão à polícia, no dia 23 de maio. Em uma de suas fotos publicadas no instagram, o agressor ~ sim, ele é um AGRESSOR ~ escreveu: “eu acho essa criola nojenta, essa macaca.”

Não poderia deixar aquele cara impune”, disse Ludmilla

Na delegacia, conseguiram identificar o IP do computador que deu origem ao comentário e, com ajuda de amigos e fãs da funkeira, chegaram ao autor do crime, Hélder Santos, de 31 anos, que também tem o pé na etnia negra.

Foto: Divulgação / InternetHélder pode pegar até quatro anos de prisão por injúria racial
Hélder pode pegar até quatro anos de prisão por injúria racial

O cara confessou o crime no dia 24, ao ser interrogado. Foi indiciado e pode pegar até quatro anos de prisão. Mas, o pior: primeiro ele negou, mentiu que o celular tinha sido roupado ~ muita cara de pau.

Hélder disse que “errou na escolha das palavras” e que não é racista porque é negro. Isso não justifica nada!

Dei uma olhada no instagram da cantora e não difícil de encontrar pessoas que não apenas criticam, mas ofendem mesmo ~ ridículos.

Condenam a Ludmilla até mesmo pelo fato de ela ser negra e ter um namorado branco, como se fosse algo errado para o próprio negro. 

 

amor define ! #amo #instamood

Uma foto publicada por Ludmilla (@ludimilla__) em Mai 5, 2016 às 12:42 PDT

 Ninguém é obrigado a gostar de um cantor, de suas músicas, nem de ninguém, mas há várias maneiras de demonstrar isso sem ofensas. 

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CASO DO GERENTE PAULO

“Volta para a senzala” e “volta para o quilombo”. Estas frases foram proferidas pela cliente, Maria Francisca Alves de Souza, de 58 anos, ao gerente de um supermercado no Rio de Janeiro, Paulo Navarro, 45, após ele se negar em buscar um produto para ela, quando ela estava na fila do caixa.

Primeiro ela negou, mas as testemunhas não ficaram quietas e, na delegacia, ela confessou ter dito, mas que não tinha a intenção de ofender.

Agora me digam: de que maneira ela não queria ofender dentro deste contexto? 

Entre as bizarras explicações que ela deu à polícia, reforçou que os termos utilizados são expressões que exaltariam à etinia negra. Até se referiu ao pintor francês Jean-Baptiste Debret, conhecido por suas pinturas sobre o período escravocrata brasileiro no século 19, dizendo: “Olhem as senzalas das telas de Debret!”

Foto: Daniel Targueta/TV GloboAto de racismo foi registrado por testemunhas
Paula (ao telefone) recebeu ofensas também fora do ambiente de trabalho pela cliente do supermercado (que está com o cachorro)

Sobre o “quilombo”, a mulher diz se referir a Zumbi dos Palmares, líder negro e, segundo ela, “ícone da resistência negra”. Cá entre nós, balela de quem não sabe como voltar atrás e reconhecer um erro. Desde domingo, a mulher está em liberdade provisória.

Diferente de Ludmilla, ele disse que a foi a primeira vez que isso lhe aconteceu.

AbsurdosO preconceito existe e ponto. Não adianta mascarar e negar. às vezes está relacionado à cor, outras à religião, opção sexual… há tantas formas… Fico perplexa toda a vez que me deparo com este tipo de situação acontecendo por aí.

Estes são apenas dois fatos que vieram a público. Mas imaginem quantos passam por isso diariamente?

Não é nem questão de tolerar o diferente, mas sim de respeito a todos.

A premissa de ‘tratar o outro como se fosse você mesmo’ nunca se fez tão necessária.

Enquanto o ser humano não se tratar de forma mais humana, estas barbáries continuarão. Xingamentos, agressões, segregação machucam na alma, no corpo, e segue por gerações. Por isso não se pode ficar calado. Que bom que Ludmilla e Paulo denunciaram, que seja feita a justiça. Isso não vale só para os negros, é uma luta pelo amor à vida, pelo respeito mútuo, pelo ser humano.

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