Você é uma Águia ou uma Galinha?

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Como você se sente: Galinha ou águia? Isso, essa foi a pergunta. Você leu perfeitamente bem. Sente-se condicionada ao chão para sempre ou às alturas com o vento batendo no rosto? é o que nos faz refletir o teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff no livro ‘A águia e a Galinha, uma metáfora da condição humana’. A dedicatória já é profundamente reflexiva:

Dedico este livro:- aos sensíveis à dimensão feminina, a águia mais aprisionada e reprimida de nossa cultura…- a todos os que, sendo águias, são impedidos de o ser e se veem reduzidos à condição de galinhas- de maneira especial ao povo negro e às nações indígenas, naturalmente portadores da ânsia de ser águia

O livro baseia-se em uma história que vem de Gana, áfrica, narrada por um educador popular, James Aggrey, durante os conflitos pelo fim da descolonização de uma jovem águia ferida que foi educada no meio de galinhas até virar galinha também. Esse é o resumo da história que pode ser conferida na íntegra ao final do post.

O fato é que nascemos condicionados a ser, a ter, a pensar como os outros, agir como os outros. Assim, crescemos e não raro nos transformamos não exatamente no que queríamos, ou chegamos lá, mas com alguma frustração. A libertação de tudo isso começa na consciência.

O livro busca uma reflexão instigante que provoca autoconfiança e entusiasmo na busca da identidade pessoal

Mas Boff alerta: os leitores precisam desenvolver sabedoria para saberem quando importa ser águia e quando galinha.

No fim, o que importa é o equilíbrio mas pendendo mais para as aventuras inerente a ser águia.

 O QUE SIGNIFICAM:

Galinha: expressa a situação humana na sua materialidade, no seu cotidiano, no círculo de vida privada, nos afazeres domésticos, nos hábitos familiares e culturais, na labuta cotidiana pelo pão de cada dia.

 

águia: representa a mesma vida humana em sua espiritualidade, na capacidade de romper com os limites, em seus sonhos, em sua capacidade de criar coisas novas, em sua potencialidade de conectar-se com outras pessoas, com o futuro, com a evolução, com o universo e com Deus.

 

HISTóRIA COMPLETA

“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.

Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.

Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.

Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

– Esse pássaro aí não é uma galinha. é uma águia.

– De fato, disse o homem.- é uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. é uma galinha como as outras.

– Não, retrucou o naturalista.- Ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.

– Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse:

– Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.

O camponês comentou:

– Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!

– Não, tornou a insistir o naturalista. – Ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.

Sussurrou-lhe:

– águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas.

O camponês sorriu e voltou a carga:

– Eu havia lhe dito, ela virou galinha!

– Não, respondeu firmemente o naturalista. – Ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

– águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.

Foi quando ela abriu suas potentes asas.

Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto.

Voou. E nunca mais retornou.”

Existem pessoas que nos fazem pensar como galinhas. E ainda até pensamos que somos efetivamente galinhas. Porém é preciso ser águia. Abrir as asas e voar. Voar como as águias. E jamais se contentar com os grãos que jogam aos pés para ciscar.”

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