Pé na Estrada por Ana Flávia Hantt*
Maior economia da Europa, a Alemanha foi, historicamente, uma das maiores forças bélicas do mundo. Além da primeira guerra mundial, o país germânico protagonizou um dos maiores horrores da História recente: o holocausto, quando cerca de 6 milhões de judeus e outras minorias foram exterminados pela Alemanha nazista. São menos de 80 anos desde o fim do conflito, e os alemães sabem que não há como esconder ou negar esta parte do seu passado. Por isso, a solução é se desculpar e refletir.
O Monumento do Holocausto é uma obra arquitetônica localizada em uma das áreas mais centrais de Berlim, formado por 2.711 blocos de concreto de diferentes alturas (alguns com mais de quatro metros). Ele permite que os visitantes escolham o seu caminho, como se fosse um labirinto, em um convite para explorar as emoções. É uma experiência desconfortável, já que os blocos lembram lápides de um cemitério, mas é também um lembrete diário, quase impossível de ignorar, para que um episódio sombrio como aquele não mais se repita.
Durante minha visita a Berlim em agosto, o Parlamento Alemão sediava uma apresentação de luzes, som e imagem, gratuito e ao ar livre, junto a sua sede, o qual contava a história da instituição. Ao chegar nos anos 1940, um narrador, em voz solene, falou sobre a responsabilidade da Alemanha nazista sobre as milhões de vidas perdidas, assim como os valores que os atuais líderes tentam trazer ao governar a nação.
Pedir desculpas nunca será o suficiente para reparar os danos causados naquele passado tão recente, mas ao menos, transmite a consciência sobre um fato que não pode ser mudado. Ao assumir os seus erros, a Alemanha se compromete com o futuro, em um alerta constante para que eles não se repitam.