A advogada Elenita Busnello Tramontini, 62 anos, mudou-se de Encantado para Venâncio Aires, em 1999. De descendência italiana e habituada a frequentar as celebrações religiosas ao lado da família, principalmente, em honra a Santo Antônio, ela ‘estranhou’ chegar na Capital do Chimarrão e não ver, entre as famílias do município, a tradição de ofertar um pãozinho abençoado, como acontecia na cidade do Vale do Taquari. Devota de berço, resolveu espalhar essa bênção na ‘terra’ que escolheu para morar.
Neste sábado, quando celebra-se o dia de Santo Antônio, ela distribuirá mil pãezinhos preparados com carinho e todos os cuidados de higiene devido à pandemia. Os pães serão divididos entre o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), o Lar Novo Horizonte, a Paróquia São Sebastião Mártir e também entre familiares e aos que desejarem. “A divisão é feita conforme a necessidade de cada um”, explica. Desde que iniciou a tradição, há 20 anos, ela nunca falhou na doação. Inclusive, no ano passado, quando enfrentou um problema de fratura na coluna, contou com auxílio especial de Loiva Becker e da prima Ana Beatriz Etges, para a distribuição dos pães.
Preparação dos pãezinhos
Todo o trabalho em torno dos pãezinhos de Santo Antônio inicia uma semana antes da data. Nesta semana, por exemplo, a encomenda dos pães com a massinha mais adocicada foi feita na segunda-feira, em uma padaria local. Mas foi na quarta-feira, quando a encomenda chegou, que Elenita iniciou o processo de separação dos pães em pequenos saquinhos plásticos. Dentro de cada um, ela colocou uma oração do santo. “Acho importante as pessoas lerem a oração antes de comer ou enquanto comem o pãozinho de Santo Antônio”, comenta. Neste sábado,quando todos os mil pães já tinham sido fechados nos saquinhos, a advogada levou-os para serem abençoados pelo padre Aldo José da Silveira, na Paróquia São Sebastião Mártir. “Apenas as unidades que são distribuídas na missa, no dia de Santo Antônio,são abençoadas durante a celebração”, explica.
Ela recorda que na primeira entrega que fez em Venâncio, apenas colocou o pão no saquinho plástico. Inclusive, na primeira entrega, os pacientes do hospital não receberam os pães, pois a bênção realizada na missa da noite não possibilitava a entrega na casa de saúde no dia de Santo Antônio. Como percebeu que algumas pessoas levavam o pão da missa para casa e para o hospital, decidiu adotar os sacos plásticos e, anualmente, destinar uma quantidade específica para cada uma das entidades. “Também achei necessário colocar uma oração de Santo Antônio na embalagem para que a pessoa que os receba saiba o significado daquele pão e tenham um momento de oração, já que não puderam ir à missa”, justifica.
“Até hoje o meu santinho nunca falhou.”
ELENITA BUSNELLO TRAMONTINI – Advogada
Devoção de família
A fé por Santo Antônio, protetor das famílias, começou na família Busnello antes do nascimento de Elenita. A advogada conta que em 1949, o pai dela, Mário Busnello, sofreu um acidente em uma detonação de um túnel, em Veranópolis. “O pai foi atingido nos dois olhos, um ele perdeu e o outro ficou cheio de pólvora. Outro homem faleceu”, recorda. A recuperação ocorreu no Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves. “Como é uma cidade que tem uma igreja de Santo Antônio, um padre que visitava sempre o pai pediu que rezassem para o santo”, destaca. Foi então que a família começou com as orações pedindo pela recuperação de Mário e, acabou recebendo uma espécie de pôster com a imagem do santo, autografado e datado pelo padre, após a recuperação. A imagem foi emoldurada pela família e colocada em um oratório junto à última residência de Mário e Helena Salla Busnello, em Atlântida, no Litoral Norte.
Elenita conta que o pai voltou a enxergar com o olho que havia ficado cheio de pólvora e no outro passou a usar um olho de vidro. “Ele voltou a fazer tudo e, inclusive, dirigiu sozinho até os 70 anos”, recorda. Para a família, esse é considerado um milagre de Santo Antônio e, em função disso, todos são devotos do santo.
De geração para geração
Mesmo que a família nunca tenha feito nenhuma promessa ao santo, todos os seis filhos se tornaram devotos de Santo Antônio e passaram essa gratidão para os netos de Busnello. No caso de Elenita, desde pequenos os filhos, juntamente com o marido, aprenderam sobre a importância do protetor, inclusive para encontrar coisas perdidas. “Muitas vezes minha filha já me ligou e disse: ‘mãe, reza para achar tal coisa porque perdi’”, complementa.
Não foi apenas uma vez que Santo Antônio intercedeu e auxiliou a advogada ou pessoas próximas. Ela conta que, depois do nascimento da filha, sempre quis ter um segundo filho, mas quando engravidou acabou sofrendo um aborto espontâneo. “Um dia estava ajoelhada rezando em frente ao santo e disse: ‘Santo Antônio se você me der uma criança igual a esse menino que você tem no colo vou colocar o nome de Antônio’”, recorda. E isso aconteceu. O filho, hoje com 21 anos, se chama Giovanno Antônio.
Outro fato envolvendo o santo, conhecido por ajudar a encontrar coisas perdidas, aconteceu em uma ida ao cinema. “Tenho um anel que ganhei de 15 anos e perdi a pedra dele nessa ida ao cinema. Procurei e não encontrei em nenhum lugar”, conta. No outro dia, quando foi trabalhar e se deu conta de ter perdido, pediu ajuda ao santo para ajudar a encontrá-lo, já que se tratava de uma joia significativa e de grande valor sentimental. “Quando cheguei em casa, a pedra estava deitada no chão, próximo da porta do quarto e tinha um raio de sol muito forte refletindo sobre ela”, recorda.
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Pão da fartura
Além de comer o pãozinho de Santo Antônio, a advogada Elenita conta que sempre coloca um pão dentro de algum pote de mantimentos. “Dizem que se colocar em um pote de comida não vai faltar comida em casa”, compartilha. O pão fica o ano todo no pote até que chegue novamente o dia do santo. “Quando troco, sempre umedeço o pão e dou para os passarinhos comerem”, revela.
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Dia do Santo Antônio
A data é celebrada neste sábado, 13. Além de ser conhecido como o santo casamenteiro, é considerado o padroeiro dos humildes e santo protetor das coisas perdidas.
Oração em homenagem a Santo Antônio
Se milagres tu procuras,
Vai, recorre a Santo Antônio:
Verás fugir as maldades
E as tentações do demônio.
Refrão: Faz encontrar o perdido,
Rompe as grades da prisão,
Cede o mar embravecido,
Silencia a voz do trovão.
Em graças são transformados
Todos os males humanos:
Provam todos os homens;
Sobre tudo os paduanos.
(Repete o refrão)
Foge o erro, a praga e a morte
De Antônio à invocação,
O fraco torna-se forte
E o enfermo torna-se são.
(Repete o refrão)
Glória ao Pai e a Jesus Cristo
E ao Espírito também,
Com quem reina Santo Antônio,
Pelos séculos. Amém
(Repete refrão)
Rogai por nós, Santo Antônio.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
