A simpatia e o sorriso são marcas registradas do casal Leocádia Ema Menzel e Ilo Schlosser, 71 e 69 anos. Quem mora próximo aos bairros Brígida e Cruzeiro certamente conhece essas duas ‘figuras’ que, durante muitos anos, estiveram à frente do Bar e Minimercado Menzel e Schlosser. No ano passado, eles encerram as atividades do estabelecimento e, agora, curtem a vida de aposentados.
Os dois vivem felizes e unidos. No entanto, muitas idas e vindas fazem parte da história do casal, que cresceu na região serrana de Venâncio Aires, mas somente depois de muitos anos, uniram suas vidas.
Leocádia é filha do professor Armindo Léo e da costureira Olinda Menzel, os dois já falecidos. Estudou em casa, até a 5ª série, com a ajuda do pai. Em Linha Silva Tavares, local onde nasceu, a mãe era a única costureira e, também, a responsável por costurar as roupas de luto de muitas famílias. “Eu ajudava a fazer as bainhas das roupas”, recorda.
Em 1971, Leocádia mudou-se para Porto Alegre e o filho, Lotário, com 7 anos na época, ficou com a mãe Olinda. “Fui trabalhar como doméstica. As patroas falavam somente o português e eu só o alemão”, recorda, entre risos. Com 17 anos, Lotário, foi para a Capital e contou com a ajuda da mãe em um trailer de lanches. Nesse período, Leocádia e Ilo ainda não se conheciam. “Mas ele sempre diz que já me cuidava”, relembra. No mesmo período em que foi para Porto Alegre, Ilo casou-se e teve três filhos: Glenio, Clairton e Cledemar.
No entanto, quando Leocádia retornou à Capital do Chimarrão para visitar a mãe, Olinda – o pai já era falecido na época – foi a um baile no Salão Liebstein, no bairro Santa Tecla, em uma noite de sábado. Ela lembra que no palco tocava uma banda de jazz de Santa Cruz do Sul. Naquele dia, o destino começou a unir o caminho de Ilo e Leocádia. Ele, estava no mesmo local, mas acompanhado. “Naquele dia não conversamos, mas trocamos olhares”, conta. Como ela ainda morava em Porto Alegre e estava somente de visita na terra natal, Ilo precisou procurar a família da amada para conseguir informações, mas antes, contou com a ajuda de uma amiga em comum para descobrir o endereço da família Menzel. “Ele conseguiu meu telefone e endereço em Porto Alegre. Nos ligávamos e trocávamos cartas até o primeiro encontro”, diz Leocádia.
Bilhete embaixo da porta
O primeiro encontro tinha tudo para acontecer com um ‘empurrãozinho’ da irmã e do cunhado de Leocádia. Eles foram até a casa de Ilo – já separado na época – para avisar que Leocádia estava na cidade. No entanto, ele havia saído para acompanhar uma apresentação do filho, Glenio, no ginásio do Colégio Oliveira Castilhos e, com isso, um recado foi deixado embaixo da porta. “Quando encontrei o bilhete embaixo da porta, fui até a casa da mãe dela, mas ela já tinha ido embora”, recorda Ilo.
Depois de desencontros, no dia 2 de dezembro de 1995, Leocádia retornou a Venâncio Aires. O endereço da nova moradia era o lar de Ilo Schlosser, que morava em uma casa ao lado do Bar da dona Zélia, na rua Jacob Becker, no Brígida. Desde então, vivem uma união de companheirismo.
No mesmo ano em que passaram a viver juntos, abriram um estabelecimento comercial em um prédio ao lado de casa, que vendia mantimentos e bebidas. Em 1997, mudaram-se para um espaço maior. Local que, até ano passado, fez parte da rotina do casal: o Bar e Minimercado Menzel e Schlosser. Este espaço rendeu para Leocádia e Ilo muitas amizades e histórias.
Ilo e o chapéu
Quem conhece Ilo, natural de Linha Cachoeira, sabe que está sempre de chapéu e com um sorriso. Dedicado, ele é responsável por manter a horta em frente à casa e também, uma vez por semana, tomar os cuidados necessários com a horta que tem em um terreno próximo.
O filho de Helmuth e Erna Schlosser, estudou até a 5ª série. Além dele, mais quatro irmãos integram a família. Hoje, é avô de duas meninas e um menino. Leocádia, que adora participar dos bolõezinhos na comunidade do bairro Brígida, tem duas netas.