Ele é da época da discoteca e da Jovem Guarda, mas, se tiver que criar outras harmonias musicais inspirado nas melodias da década de 50, Darci da Silva Costa, 69 anos, popularmente conhecido como Darci Maravilha, também sabe improvisar. Das violas em rodas de família às festas entre amigos, a música sempre fez parte da sua vida, assim como as partidas de futebol.
Natural de Uruguaiana, filho de Hermes Manoel da Costa e Maria Rita da Silva Costa (in memória), Darci teve mais seis irmãos, entre eles, Dalila da Silva Costa (in memória), que era cantora e Manoel da Silva Costa (in memória), ex-jogador do Sport Clube Internacional e do Sporting Clube de Portugal.
Os anos se passaram, mas as recordações da infância estão presentes na memória, para o morador do bairro Cidade Nova. Quando jovem, ele ouvia o pai tocar gaita de boca e a mãe, dominar as cordas do violão. “Enquanto minha mãe cultivava o jardim de casa eu sentava no sofá para tentar alguns acordes. Quando eu arrebentava uma das cordas ela deixava o que estava fazendo para me ajudar”, relembra.
Na época, o pai também se dedicava à música, mas a prioridade era a sua profissão – a vida inteira foi dedicada ao trabalho na estação ferroviária. “Sou da época da maria fumaça, o som da passagem do trem nos trilhos também fez parte da minha infância”, recorda.
ESPORTE
Apesar de pertencer a uma família de músicos, o futebol falou mais alto e, aos 18 anos, Darci recebeu a primeira oportunidade para mostrar as suas habilidades com a bola, ao ser convidado para jogar no Clube Cruzeiro de Porto Alegre. Na época, a família havia mudado para Canoas.
Depois de ser ‘emprestado’, por um ano, para o Clube América de Recife, Darci ingressou de vez na carreira e jogou no Riograndense Futebol Clube de Santa Maria, Clube Santo Ângelo, Associação Esportiva de Santo Ângelo (AESA), Atlântico Futebol Clube de Erechim, Associação Desportiva Joaçaba, de Santa Catarina, Grêmio Esportivo Recreativo14 de Julho de Passo de Fundo e por fim, no Clube Esportivo Lajeadense, de Lajeado.
Na década de 80, há poucos passos do time Lajeadense ganhar uma vaga na primeira divisão, Darci Maravilha sofreu uma lesão na perna direita, situação que obrigou o jogador a se afastar dos gramados. “Naquela época, meu irmão, que morava em Portugal, me levou para lá para fazer o tratamento de saúde, mas mesmo assim, devido às complicações tive que abandonar a minha carreira”, conta.
Após a aposentadoria, depois de ter trabalhado em diferentes empresas, em Lajeado e Estrela, ele se mudou para Venâncio Aires e decidiu investir na música e gravou o primeiro CD, com seis músicas autorais. Depois de ter casado duas vezes, hoje ele vive com a companheira Zeti Ferreira e possui um filho do primeiro casamento, Luciano da Costa.
“Eu respiro a música, é uma coisa que vem da alma. Tudo que é feito com o coração, sempre traz um retorno positivo.”
DARCI MARAVILHA
Músico e ex-jogador profissional
A música: uma paixão adormecida
Darci realiza shows em eventos e festas particulares na região do Vale do Rio Pardo. “Não sigo um único repertório, para mim, música boa é aquela que é bem tocada, do sertanejo ao funk”, afirma.
A alegria de Darci Maravilha é um dos diferenciais do cantor. Com um repertório variado, que vai desde as músicas da Jovem Guarda ao sertanejo universitário, o cantor até arrisca alguns passos, quando anima o público, durante as apresentações. “A alegria é uma coisa minha e paixão pela música é algo que vem de dentro, quando eu escuto uma música tenho que levantar para dançar”, salienta.
“Que maravilha de gol”: narração esportiva dá origem ao apelido
Darci jogava no Riograndense Futebol Clube de Santa Maria quando fez um gol e, por acaso, ficou conhecido como Darci Maravilha. Na época, ele atuava como centroavante do time e vestia a camisa nove. “Fiz um gol de costas por acaso, naquele tempo isso era conhecido como chiripa ou bambúrrio”, afirma. Ele relembra que, na emoção do momento, um repórter que narrava a partida falou “que maravilha de gol” e todo o time foi para cima do jogador. “Depois disso, toda vez que o repórter me encontrava, ele me chamava de Darci Maravilha e o apelido ficou registrado até hoje”, sorri.