Quando entrou no carro, colocou o filho na cadeirinha e ligou o veículo, depois de deixar o almoço para o namorado, na rua Carlos Wagner, pouco depois do meio-dia da sexta-feira, 3, a empresária Francieli Niedermayer Haupt, 32 anos, não imaginava que dali a poucos instantes passaria por um susto tremendo.
Ao ingressar na Armando Ruschel, no bairro Gressler, a menos de uma quadra do local onde deu a partida no automóvel Vectra, o filho Théo, de 4 anos e meio, caiu do carro em movimento. “Ele é muito espoleta e foi tudo muito rápido. Soltou o cinto, saiu da cadeirinha, veio para o banco da frente e, neste momento, quando eu fazia a curva, caiu para o lado (no banco do caroneiro da frente), tentou se segurar na maçaneta, a porta abriu e ele caiu. Não sei porque a trava não funcionou”, conta Francieli.
Depois do susto, a maior surpresa dela foi ver o tamanho da repercussão do caso. Um vídeo com as imagens do incidente, rapidamente, se espalhou pelo WhatsApp. Veículos de imprensa regionais e nacionais divulgaram o caso. Ontem, até mesmo a produção do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, entrou em contato com ela.
“Levei um susto com a repercussão. Na sexta, às 18h, um cliente chegou me perguntando como estava meu filho e falando do vídeo. Até aquela hora eu nem fazia ideia. Para mim, depois que vi que nada tinha acontecido ao Théo, aquilo passou. Não tinha nem comentado com outras pessoas”, relata.
No fim de semana, no entanto, a enxurrada de comentários nas redes sociais abalou a empresária. Muitas pessoas criticavam a mãe e insinuavam uma irresponsabilidade. “Chorei muito no fim de semana. Falei com uma amiga que é psicóloga e também consultei advogados, com medo dessa repercussão. Mas também recebi muitos relatos de mães que passaram por situações parecidas, com os filhos se soltando da cadeirinha, e sabem como isso pode acontecer, mesmo com o nosso cuidado. Graças a Deus foi só um susto.”

Reação rápida
Quem viu o vídeo que mostra a queda de Théo percebe que tudo aconteceu em poucos segundos. Logo que o automóvel Vectra ingressou na rua Armando Ruschel, a porta dianteira do caroneiro se abriu e o menino caiu do veículo. Francieli viu o filho caído, pelo retrovisor, há poucos metros. “Saí correndo do carro. Minha única preocupação foi impedir que um outro carro passassem em cima dele”, explica.
Théo, que estava com bastante roupa, por causa do frio que fazia na sexta-feira, rolou no chão, mas logo se ergueu sozinho e correu em direção à mãe. “Mãe, tu ia me deixar no meio da rua?”, perguntou. A reação de Francieli foi abraçar o filho imediatamente e verificar se havia se ferido. “Ele não se machucou, não teve nada. Até os óculos estavam inteirinhos”, afirma.
Enquanto isso, o proprietário da Agropecuária Ouro Fino, Júlio Cezar Ferreira, 34 anos, conseguiu acionar o freio de mão e parar o veículo. Ele estava parado em frente ao estabelecimento, enquanto mandava uma mensagem no WhatsApp, quando viu a criança caindo.

“Primeiro, corri em direção ao menino, mas quando vi que ele estava bem e a mãe já estava perto, percebi que o carro estava em movimento e corri em direção a ele para impedir que outro acidente acontecesse”, conta.
Para ele, o instinto materno de Francieli falou mais alto e fez com que ela conseguisse sair do carro em direção do filho. “Ela foi muito rápida. Muita gente acabou julgando, sem saber o que tinha acontecido, mas o importante é mostrar que isso pode acontecer com qualquer um e não podemos julgar. Serve como um alerta.”