Um grupo formado por 55 pessoas, no site de relacionamentos Facebook, é responsável pelo debate quase diário acerca das frequentes ocorrências de falta de água no bairro Cidade Alta e arredores. O assunto volta à pauta pelo menos uma vez a cada 15 dias e sempre que um novo desabastecimento é registrado, a irritação dos moradores da parte alta da cidade se eleva. Os consumidores relatam, por exemplo, “surpresa na hora de tomar banho” e “cuidado para a lavadora de roupas não estragar, por conta do vai e vem da água”.
Fazem parte do grupo, além dos moradores da região, jornalistas, quatro vereadores e até o prefeito Giovane Wickert. A cada comentário de falta de água, começa a ‘corrida’ em busca de informações. Até pouco tempo, representante local da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) estava na lista de membros, mas acabou saindo do grupo. A estatal é muito cobrada nas oportunidades em que há falta de água e muitos dos integrantes dizem que perderam a esperança de que os problemas sejam definitivamente resolvidos.
MOBILIZAÇÃO
Moradora da região onde o desabastecimento se repete com frequência, Cláudia Limberger lembra que os vizinhos já se mobilizaram e estiveram em reunião com representantes da Corsan, Prefeitura e até do Ministério Público (MP). “Não tenho certeza, mas acredito que já enfrentamos esta situação há pelo menos três anos”, afirma. De acordo com ela, o problema ocorre tanto no inverno quanto no verão, mas é na estação mais quente do ano que se concentra a maior parte das queixas. “Em dias de sol e calor, principalmente aos sábados, ocorre falta de água. O que dizem é que o consumo se eleva muitos nestes dias”, comenta.
Ainda segundo Cláudia, às vezes a Corsan alega que a causa da falta de água é o desabastecimento de energia elétrica. “Para os casos como este, a Corsan deveria ter um gerador”, diz, acrescentando que já foi sugerido aos moradores a compra de pressurizadores, aparelhos que costumam solucionar problemas de pressão d’água. “Isso a gente não aceita, pois já pagamos para ter água e também pelo ar que vem das tubulações quando a água volta. Na minha casa, ativamos uma caixa d’água, mas ela não abastece todas as torneiras e, além disso, em muitas oportunidades não há a pressão suficiente para encher”, argumenta.
“Já tivemos reuniões e audiências com a Corsan, prefeito e promotor, mas praticamente nada mudou. Digamos que a falta de água diminuiu 10% e, toda a vez que falta, volta às 2h ou 3h da madrugada.”
CLÁUDIA LIMBERGER – Moradora da parte alta
Recalque e poço artesiano
Representantes locais da Corsan informam que ainda para dezembro está prevista a ampliação da capacidade de energia no chamado ‘recalque 3’, que fica no cruzamento das ruas Visconde do Rio Branco e Senador Pinheiro Machado. A partir disso, seria possibilitada a colocação de bombas com maior produção, já que a demanda de água na região é elevada. Também foi dada ordem de serviço para a instalação de um poço artesiano no bairro Morsch, que deve contribuir com maior volume de água para distribuição.