Toda semana, a população descarta sacolas de lixo que são recolhidas por profissionais conhecidos como garis. Neste sábado, 16, é comemorado o Dia Nacional do Gari, data instituída para homenagear as pessoas que diariamente recolhem o que é descartado pela população e é encaminhado para a Usina de Triagem.Em Venâncio Aires são 18 homens, a maioria entre 18 e 40 anos, que compõe o grupo que atua na coleta de lixo.
Entre eles está Luiz Fernando Lopes, 37 anos, que atua na Conesul Soluções Ambientais há 7 anos. O gari mais experiente da empresa acorda todos os dias às 6h, e vai para o trabalho, o qual tem orgulho de executar. “Antes de qualquer coisa, chego e coloco o uniforme, luvas, roupas e botina. Depois vou para a rua”, explica.
São, em média, seis bairros por dia que os profissionais percorrem. “Caminhamos e corremos bastante, temos que ter um fôlego bom para isso.” Apesar de ser corrido, ele conta que antes deste emprego atuava em uma empresa metalúrgica, mas recebeu uma oportunidade melhor e começou a atuar como gari. Nesse ambiente de trabalho, garante Lopes, encontrou uma equipe unida. “Somos praticamente uma segunda família, trocamos caronas e sempre nos ajudamos”, conta.
No final do expediente, o caminhão que coleta o lixo leva os profissionais até a Usina de Triagem de Lixo, instalada na localidade de Linha Estrela, no interior do município. “Terminamos descarregando lá. Temos alavancas eletrônicas que ajudam nesse processo, então é bem tranquilo”, esclarece.
LEMBRANÇAS
Muitos momentos felizes marcam a trajetória profissional de Lopes, mas ele também guarda uma lembrança triste. Ele conta que, quando começou nesta profissão, fez amizade com um colega que o ensinou a trabalhar na área. Há alguns anos, esse amigo sofreu um acidente de trabalho e perdeu a vida. “Foi muito difícil, porque era um grande amigo e depois para voltar a trabalhar precisei ser forte”, relembra.
Contudo, prefere lembrar das risadas e comemorações que todos fazem juntos. “Claro que nem todos os dias estamos pulando de felicidade, a vida é assim, coisas ruins acontecem, mas se um estende a mão para o outro facilita nosso serviço”, conclui.
A colaboração da comunidade
Durante a rotina de trabalho, Luiz Fernando Lopes conta que ele e os colegas acham muitos itens em meio ao lixo, como celulares, dinheiro, chaves, documentos, entre outros objetos. “Achamos de tudo, às vezes as pessoas até avisam que tem celular no lixo e que se tiver conserto podemos pegar para nós”, diz.
Por conhecerem muitas pessoas e até fazerem amizades, Lopes lembra que ele e os colegas recebem várias doações. “Ganhamos brinquedos e roupas, temos uma boa relação com os moradores dos bairros.” Além disso, ele comenta que ganham água quando pedem, principalmente no verão.
Mesmo com a ajuda de todos, o profissional apela para que a população tenha mais cuidado com lixos perigosos, como vidros e seringas. “Eu mesmo já me cortei várias vezes, é muito perigoso, porque tem objetos que passam pela sacola. Esses precisam ser colocados em jornais ou papéis e serem identificados, assim sabemos que temos que cuidar ao manusear”, reforça.
TRÂNSITO
Outro cuidado diário dos garis é com o trânsito. Como eles correm atrás de um caminhão, a atenção é essencial. “Nas áreas centrais redobramos os cuidados. Às vezes, as pessoas não respeitam o trânsito.” Além disso, outro cuidado é com os cachorros que podem tentar mordê-los.
Lopes gosta e tem orgulho de ser gari (Foto: Alvaro Pegoraro)
“É uma coisa que eu gosto muito de fazer, estar na rua trabalhando e conversando com as pessoas. Mas vejo que precisamos ser mais valorizados no país.”
LUIZ FERNANDO LOPES
Gari
Saiba mais
A Conesul Venâncio Aires, que realiza a coleta de lixo no município, conta com 11 garis, cinco motoristas, um encarregado e um auxiliar. Ao todo, são cinco veículos, que atuam em quatro áreas: orgânica, seletiva, interior e automatizada.
O termo ‘gari’ surgiu em homenagem ao francês Pedro Aleixo Gary, que ficou conhecido por ser o fundador da primeira empresa de coleta de lixo nas ruas do Rio de Janeiro, em 1976.