Com a pandemia do coronavírus, com estabelecimentos comerciais e escolas fechadas, o clima ao fazer a pesquisa de levantamento de preços nos supermercados, realizada mensalmente pela Folha do Mate, foi diferente das demais ocasiões.
Poucas pessoas circulando pelos corredores, álcool gel nas entradas dos locais, atendentes e clientes com máscaras, produtos em falta e preço elevado de hortifrutigranjeiros foram os diferenciais percebidos pela reportagem, na manhã de ontem, em três supermercados
O preço médio para adquirir os 38 itens da lista de compras ficou em R$ 284,05. O valor corresponde A 3,09% a mais que o mês de março, quando os mesmos produtos custavam R$ 275,53, a média. Em abril, 20 itens tiveram acréscimo de valor e 12 diminuíram.
CONSUMIDORA
A atendente Graziela Halmenschlager, 33 anos, moradora de Linha Duvidosa, aproveitou a vinda para a cidade para fazer compras na manhã de ontem, 6, dia em que foi feita a pesquisa. Ela relata que precisa comprar poucas coisas, pois produz hortaliças e legumes na propriedade da família, assim como leite e carne, que também tem em casa. “Agora em função da estiagem perdemos muita coisa da horta, por isso precisamos comprar”, afirma.
Graziela trabalha em um minimercado no interior e, por isso, não tem o hábito de ir até a cidade para o rancho. “Nós não notamos muita diferença porque compramos aos poucos e só o essencial. Ter carne e leite em casa dá bastante diferença para economizar”, diz.
Reflexos da estiagem já são visíveis nas gôndolas dos supermercados
A estiagem que afeta o trabalho dos agricultores já chegou até o consumidor, que percebe o aumento do preço de alguns produtos. Engenheiro agrônomo e chefe do escritório da Emater/RS-Ascar em Venâncio Aires, Vicente Fin explica que o preço da cebola e cenoura já é reflexo da estiagem. “O Brasil não tem conseguido exportar cebola da Argentina e a produção daqui está afetada em função da seca”, observa. Já no caso da cenoura, o profissional destaca que é necessária irrigação constante no cultivo, o que não é possível nas propriedades do Sul do país ultimamente, o que acarreta a vinda de outros lugares e o aumento de preço.
Outro item com variação neste mês é o feijão. O valor do quilo da marca levada em conta na pesquisa saiu da casa dos R$ 5 e alcançou quase R$ 8. Finn ressalta que a alta está diretamente ligada à seca. “Os produtores da região Sul tiveram uma perda de 50% da safra”, lamenta. Em Venâncio Aires, ele estima que foram produzidas de 10 a 12 toneladas para comercialização, mas foi perdida, pelo menos, a metade.
PRODUTOS EM FALTA
A pesquisa realizada desde janeiro de 2019 pela Folha do Mate leva em conta o preço de produtos de marcas líderes em três supermercados do município. Neste mês, dois itens da cesta básica estavam em falta: o feijão e leite da marca pesquisada não estavam disponíveis em um dos estabelecimentos.
Dessa forma, foram levados em conta os preços do mês passado para calcular a média. O comprador de um dos supermercados relatou que alguns produtos estão em falta por terem elevado muito o valor. “O feijão está R$ 8 o quilo, vou esperar baixar para comprar novamente”, afirma.
O percentual de aumento da lista de compras, em um ano, com base no mesmo mês no ano passado é de 8,7%. Em abril de 2019, a lista de compras custava, em média, R$ 261,12.