O gosto pela arte como um todo é uma característica pessoal marcante de Ana Júlia Riedel, 14 anos, desde a infância. Quando criança, adorava usar e abusar de tinta têmpera em casa e, conforme foi crescendo, o aprendizado de novas técnicas também despertava interesse, como biscuit, crochê e costura – que atualmente faz curso para se especializar. Porém, foi neste ano que a menina decidiu mostrar mais o trabalho que desenvolve e impactar as pessoas de alguma forma com seus desenhos e textos.
Não é preciso dizer que a disciplina favorita da escola é Artes, e uma atividade de aula a incentivou a mostrar os trabalhos para mais pessoas. A professora Iara Beatriz de Castro Espíndola trabalhou o conceito de intervenção urbana em aula e, desde então, Ana Júlia mostra um pouco da sua arte nas ruas de Venâncio Aires. “Faço sempre na frente da minha casa, como passa bastante gente aqui todos os dias, acredito que consigo atingir um bom número de pessoas”, comenta.
Ela mora no bairro Brígida e diz que a rua faz parte do trajeto de muitas pessoas para trabalhar diariamente. Para as produções, ela conta com a ajuda da mãe, Carla Inês Schwaickhardt, que é professora de Geografia. “Às vezes, sugiro algumas coisas para ela, trocamos ideia, isso é muito bom. Os venezuelanos que passam por lá chamam de ‘a casa do poste pintado’”, afirma a mãe.
Ana Júlia estuda no 9º ano na Escola Estadual de Ensino Médio Cônego Albino Juchem (CAJ) e se dedica ao desenho, especificamente, há pelo menos três anos. Por gostar da arte, busca referências e aprendizado para aprender mais sobre traços e cores. “Não precisa ter material caro para fazer algo bom, material não faz milagre. É preciso treinar, ter confiança no que está fazendo”, define.
Ana Júlia sempre buscou conhecimento e diz que aprendeu muito sobre traços e especificidades do rosto com a professora Simone Gomes, com quem teve aula em anos anteriores. Nos trabalhos, utiliza muito giz para quadro negro, giz de cera e lápis de cor.
Além de ilustrações, ela gosta de escrever frases e textos. “É uma forma de me expressar, me faz bem”, declara.
Flores no lugar das pedras
Não é só Ana Júlia que se dedica para a intervenção urbana. Os pais também ‘adotaram’ um espaço perto de casa para deixar mais vivo e colorido. “Era um espaço na rua que juntava pedras e inço e resolvemos transformar em um lugar florido”, conta Carla.
Para uma atividade escolar do caçula, Felipe Augusto Riedel, 5 anos, a calçada de casa deu espaço a uma árvore feita com folhas. A questão de impactar as pessoas com a arte nas ruas é algo que vem sendo visto com bons olhos por toda a família. “Sempre admirei o grafite e o quanto muda o visual de um prédio a troca do cinza pelo colorido. Dá muito mais vida aos lugares”, reflete Carla.
Ela conta que Ana Júlia demonstra o talento artístico desde muito pequena. Em 2014, quando tinha 8 anos, pintou 15 dúzias de casquinhas de ovos. Enquanto fazia o design das casquinhas, a mãe era responsável pelo recheio.
“Intervenção urbana é provocar o olhar da pessoa e proporcionar um momento de reflexão, alegrar o dia de quem vê, e é isso que eu quero.”
ANA JÚLIA RIEDEL
Estudante
O que é intervenção urbana?
Intervenção urbana é o termo utilizado para movimentos artísticos relacionados às intervenções visuais realizadas em espaços públicos, engloba arte urbana e arte pública. Quando o termo surgiu, era associado a um caráter de movimento underground, que foi ganhando força com o decorrer dos tempos e se estruturando. Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas de corte, particulariza lugares e recria paisagens. Existem intervenções urbanas de vários portes, desde pequenas inserções com adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas. (Fonte: intervencaourbana.org)
Além da arte nas ruas, Ana Júlia criou uma página na internet para divulgar suas criações. No perfil @rabiscos_da_ana no Instagram, é possível acompanhar tanto os desenhos feitos pela menina como textos.