Que a leitura é um hábito saudável e um exercício mental importante, não é segredo para ninguém. De fato, ela pode trazer benefícios em qualquer idade. Isso vale tanto para uma pessoa idosa, que faz dela uma ferramenta importante para exercitar a memória, quanto para uma criança, que ainda está se familiarizando com as letras.
No caso de Otávio Hendges, 9 anos, a leitura foi e continua sendo uma prática importante na escola e dentro de casa, onde a Folha do Mate tem sua participação. Diagnosticado com autismo aos 3 anos, ele é aluno do 3º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Benno Breunig e, desde então, já teve acompanhamento multiprofissional do Centro Integrado de Educação e Saúde (Cies) e hoje conta com profissional de apoio em sala de aula. Otávio é alfabetizado e também evoluiu muito na socialização.
Nos últimos anos, a família, que mora no bairro Santa Tecla, também foi fundamental. Tanto que a mãe, Jéssica Ackele, 39 anos, deixou o antigo emprego para estudar Pedagogia. Conforme ela, mesmo o filho sendo autista de nível 1 de suporte, tem vontade de aprender, demonstra interesse e é muito dedicado. “Ele acompanha uma rotina escolar regular, e a leitura, com certeza, foi uma ferramenta importante nesse processo”, avalia Jéssica. A mãe conta que o hábito de ler fez o filho evoluir na concentração, na memória, no raciocínio lógico e na compreensão dos acontecimentos em ordem cronológica.
Em relação ao espectro autista, Jéssica entende que a leitura trouxe uma melhora de organização e de pensamentos, e ampliou o vocabulário. Quando lê uma palavra diferente ou nova, que vai acrescentar, Otávio busca o significado. “Também proporcionou maturidade verbal. Hoje ele consegue manter um diálogo coerente, contar os acontecimentos da rotina dele. E ainda verbalizar os medos, o que foi muito importante para a gente.”
Desafio
Jéssica, que é professora, também ressalta o desafio que é, em tempos de internet e de ‘telas’, estimular a leitura de jornais e livros impressos. “Não é uma tarefa fácil e não cabe apenas à escola. A família também tem sua função e aí se complementam. Acreditamos que a família precisa gostar de leitura e aqui em casa a gente gosta. O Igor [marido], por exemplo, é um leitor assíduo do jornal e eu também preciso me manter atualizada, ler constantemente.”
Além disso, a mãe de Otávio entende que a leitura é uma prática que fortalece vínculos afetivos. “Pedimos para que o Otávio leia para a gente, alguma reportagem ou história, porque também é um momento que escutamos nosso filho. Um momento compartilhado, que fortalece o vínculo. Ele gosta dessa atenção, de ser ouvido, assim como toda criança.”
“A gente sabe que o jornal é uma fonte segura de informação e pesquisa. Não é um material que precisa ser usado apenas em escola. Ele pode e deve fazer parte da rotina em casa. É muito válido estimular a interação da criança com o jornal.”
JÉSSICA ACKELE – Pedagoga e mãe do Otávio