Silvane da Silva, 39 anos, nunca tinha entrado em uma empresa tabacaleira, mas sempre trabalhou plantando tabaco. Em 2019, quando o granizo quebrou a plantação, ela decidiu procurar uma indústria para trabalhar no período do inverno. A moradora de Linha Sapé é uma das diversas pessoas que se dividem entre as atividades na lavoura e na indústria e vivem o ano com renda do tabaco.
A rotina de pegar ônibus antes das 19h, em frente à casa, para ir trabalhar como alinhadora na CTA Continental Tobaccos Alliance, começou em março do ano passado. “A venda do tabaco não rendeu e eu não queria ficar parada. Então minha vizinha disse para eu procurar vaga na safra. Fui lá e logo me chamaram para começar”, conta.
Ao chegar na indústria, ficou surpresa com o tamanho e a tecnologia. “No início, achei estranho, eu nunca tinha entrado em uma fumageira. Eu não imaginava como era”, relata. As amizades também marcaram esta etapa. “Algumas das minhas colegas são minhas vizinhas, mas também conheci outras pessoas legais lá.”
Mesmo quando estava na empresa, Silvane continuou auxiliando no trabalho do tabaco na lavoura, em casa. “Começamos a semear e plantar o tabaco. Eu chegava pelas 2h em casa e pelas 6h já estava de pé para começar no campo. Quando tinha jornada dupla era cansativo. Mas eu gostei”, coloca.
De acordo com ela, são cerca de sete meses dedicados ao campo e em média quatro meses na indústria. Apesar de o produto ser o mesmo, Silvane comenta a diferença da safra na lavoura e na empresa. “Em casa, estamos sempre direto no sol, e na firma é mais protegido. Porém, o cheiro é bem mais forte”, observa. Para ela, a parte mais difícil entre os dois trabalhos é a colheita. “Fazemos a colheita nos meses de novembro e dezembro, que são muito quentes.”
Nesta safra, Silvane pretende ir novamente para a CTA. “Já me ligaram para começar em fevereiro, mas como aqui ainda tem bastante serviço não consegui ir. Então estou esperando para ser chamada em março, porque eu quero ir de novo.”
“Todos produtores de fumo deveriam visitar a fumageira, para saber como funciona, como é o processo.”
SILVANE DA SILVA – Produtora de tabaco e safreira