Ela tem disposição para acordar às 5h para amassar o pão e sabe ‘de cabeça’ receitas de doces deliciosos, como o famoso merengue com amendoim. A vaidade é possível identificar nos brincos, nas unhas pintadas e no cabelo sempre bem penteado. Esta é Erna Irene Diehl, uma ‘jovem senhora’ que, neste domingo, 12, completa um século de vida.
Os 100 anos de tia Erna, como é conhecida, vão ser comemorados neste sábado, em Vila Palanque, localidade onde ela nasceu e criou as filhas. Atualmente, ela reside no bairro Brígida e garante que “não queria dar tanto serviço” para a filha Maria Isabel, que fez questão de organizar a festa.
“É uma bênção ver a mãe com 100 anos. Não é para qualquer um chegar nesta idade lúcida, fazendo pão, cuca, doces de Natal e os famosos merengues que ela faz e não têm igual”, destaca Maria Isabel Diehl da Cruz, 67 anos.
Caçula entre sete irmãos – entre eles, o ex-prefeito de Venâncio Aires, Alfredo Scherer -, tia Erna chega aos 100 anos com acontecimentos da infância fresquinhos na memória. “Era muito bom naquele tempo”, lembra.
O pai dela, Ernesto, foi quem construiu o conhecido ‘Casarão dos Scherer’, em Vila Palanque, mas faleceu prematuramente aos 42 anos, depois de ter sido atingido por uma telha da casa. A mãe, Catarina, viveu até os 92 anos, aos cuidados de Erna. Na família, a irmã Clara Hilda foi a que viveu mais tempo: até os 103 anos.
Perguntada sobre quantos anos ainda quer viver, ela não sabe responder. O que é certo é que, pelo menos por enquanto, o terceiro dígito na idade não deve alterar a rotina da idosa que acorda cedo, reza o terço todos os dias e gosta de assistir à missa e à novela As aventuras de Poliana, na televisão. “Também sempre gostei de fazer tricô e gosto de jogar bolãozinho”, afirma tia Erna, que participa do grupo ‘As camponesas’, do bairro Brígida.
Erna é mãe de Leda Maria (já falecida) e Maria Isabel, avó de Everton e Vanessa e bisavó de Eric.
TRABALHO
Por 20 anos, tia Erna costurou sacos de algodão para guardar erva-mate. Foi nessa época, quando madrugava pelas 4h ou 5h, para dar conta das tarefas, que ela adquiriu o hábito de acordar cedo que mantém até hoje.
As atividades também incluíam o trabalho na lavoura e na ordenha. Por um tempo, também trabalhou como empacotadora na Ervateira Scherer, iniciada pelo irmão Alfredo.
VIDA DE DESAFIOS
Quem vê tia Erna cheia de saúde, não imagina as dificuldades que enfrentou. Ainda criança, ficou órfã de pai.
Em 25 de outubro de 1947, casou-se com Romeraldo Diehl, na igreja de Vila Palanque. O casal teve duas filhas: Leda Maria e Maria Isabel. Quando a caçula tinha um ano e meio, Diehl se mudou para Cerro Largo, onde foi trabalhar em uma fábrica de erva e deixou a família. Erna e as filhas seguiram morando com a mãe Catarina e não tiveram mais contato com ele. Aos 17 anos, a filha Leda Maria faleceu de um mal súbito.
Outro fato marcante lembrado por tia Erna foi um assalto à casa onde ela e a mãe residiam, em Palanque, em 1972. Em busca de dinheiro, os assaltantes amarraram ela na cama e a espancaram, o que levou a ficar uma semana internada no hospital. Além disso, a mãe Catarina teve os braços cortados pelos assaltantes. O socorro só apareceu quando uma vizinha chegou à residência e as encontrou.