Cinco estudantes, integrantes do grupo de pesquisa Simanihot da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), estiveram em Venâncio Aires e Mato Leitão, na quinta-feira, 22, para instalar uma Unidade de Observação de Mandioca em cada município.
O grupo acadêmico já instalou 17 unidades de observação no Rio Grande do Sul neste último ano, duas em Santa Catarina e uma no Paraná. O projeto se encaminha para o quarto ano, e nesta etapa, os estudantes voltam para as propriedades, que até então eram apenas objetos de pesquisa. “A gente instala essas unidades de observação para ver quais fatores estão limitando a produtividade, qual o manejo do produtor, como ele controla as plantas daninhas e coleta essas informações para nossa pesquisa”, acentua a engenheira agrônoma Kelin Pribs Bexaira, integrante da equipe Simanihot.
A escolha pelos dois municípios da região é justificada pelos pesquisadores por serem grande produtores de mandioca. “A gente vem com o propósito de mostrar alternativas de diversificação no cultivo e no manejo da mandioca, em dois municípios que se destacam na questão da produção. Venâncio é um município com maior produção na região e para nós é importante estudar e conhecer essa região”, frisa Kelin.
A mediação ocorreu via Emater-RS/Ascar que escolheu produtores que ainda dispunham terras para o plantio e instalação da unidade. Em Venâncio Aires, o produtor André Luiz dos Santos, 37 anos, de Linha Herval, prontamente aceitou a proposta e separou algumas variedades de aipim para contribuir com os pesquisadores. A engenheira agrônoma Djeimi Janisch, extensionista rural da Emater de Venâncio Aires, destaca que a propriedade de Santos foi escolhida devido à área próxima, disponibilidade e análise de solo. “O produtor já tinha feito essa análise do solo que contribui com os pesquisadores. Assim, os resultados obtidos podem ser mais completos”, acentua.
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A integrante do projeto, Paula Cardoso, salienta que o grupo vem observando que em determinadas regiões é difícil encontrar produtores que realizam análise de solo. “Nosso objetivo é, via parceria, universidade, produtor e Emater, identificar os fatores que causam perda de produtividade em determinadas regiões. Vamos em busca do potencial de produtividade, que depois podem auxiliar o município, mas principalmente o produtor”, frisa a engenheira agrícola.
Os resultados dos primeiros três anos de pesquisa estão lançados em um informativo técnico totalmente voltado ao produtor. “Agora é o nosso próximo passo da pesquisa. Com auxílio do produtor, vamos voltar na colheita e fazer toda uma análise pós-colheita”, cita Paula.
Variedades
Em ambas as propriedades, os estudantes trouxeram cinco variedades de mandioca mais cultivados no Rio Grande do Sul. Além disso, o produtor, empolgado com o projeto, conseguiu mais nove variedades. “A gente se empolga com essas ações. Um pedaço de terra a gente sempre arruma, tenho certeza que isso vai trazer benefícios para nós agricultores”, enfatiza Santos.
“Ter um grupo de pesquisa de aipim dentro do município é algo fantástico, eles vão identificar gargalos de produção. Vamos ter bons resultados e contribuir com esse setor tão importante para Venâncio Aires.”
DJEIMI JANISCH
Extensionista rural da Emater Venâncio Aires
Produção de aipim em Venâncio Aires
- São 430 famílias que cultivam o aipim em escala comercial.
- São 1,2 mil hectares de aipim comercial no município.
- Em Venâncio, cinco agroindústrias familiares comercializam o aipim descascado. Uma sexta agroindústria está encaminhando o pedido de abertura e regularização.
Unidades de Observação de Mandioca da UFSM
- Tupanciretã
- São Vicente do Sul
- Dilermando de Aguiar
- Júlio de Castilhos
- Jaguari
- Toropi
- Cachoeira do Sul
- Pinhal Grande
- Não-Me-Toque
- Santa Maria
- Sarandi
- Erechim
- Pelotas
- Itaqui
- Eldorado (UFRGS)
- Venâncio Aires
- Mato Leitão
- Araranguá/SC
- São Carlos/SC
- Santa Helena/PR
Propriedade da família Becker recebe a unidade em Mato Leitão
Em Mato Leitão, a propriedade de Odair José Becker recebeu a Unidade de Observação do Grupo de pesquisa Simanihot. O grupo instalou a unidade em Linha São João. Conforme o chefe do escritório da Emater-RS/Ascar de Mato Leitão, Claudiomiro da Silva de Oliveira, esse momento é fundamental, pois pesquisadores e produtores andam lado a lado. “É um projeto interessante para mostrar os gargalos na produção e de certa forma valorizar ainda mais o produto.”
Oliveira reforça a importância da pesquisa também colaborar com novas culturas. “A pesquisa pode ajudar a ver o aipim como fonte de renda. Sem contar que, com as alternativas e variedades de produtos que eles nos trazem, podemos quem sabe no futuro agregar novas opções de marcado e ver o aipim como um fonte de renda na propriedade”, enaltece.
Produção de aipim em Mato Leitão
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São 273 famílias que cultivam o aipim em escala comercial.
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São aproximadamente 350 hectares de aipim comercial no município.
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Em Mato Leitão, uma agroindústria comercializa o aipim descascado.