A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) faz parte da vida de Maria Helena Sterz há 16 anos. Segundo a mãe da menina, Lisete Schwertner Sterz, durante a gravidez, não sabia que a filha teria Síndrome de Down, pois fez apenas uma ecografia e preferiu nem saber o sexo do bebê. Quando Maria nasceu, a mãe ficou sabendo que ela era uma criança especial.
Com apenas dois meses, Maria começou a frequentar a Apae. A mãe comenta que, no início, ela levava a filha e que depois de quatro anos começou a ir sozinha de van. “A Maria é bem independente, todo mundo adora ela na escola e na vizinhança é o xodó.”
Lisete ainda percebe que ainda existe preconceito da comunidade, que algumas pessoas olham estranho para Maria e enxergam a escola de maneira errada. Ela ressalta, no entanto, a participação da Apae na vida e na evolução da filha e a receptividade da equipe da instituição. “Fomos sempre bem recebidos, são pessoas pacienciosas e carinhosas”, destaca.
Atualmente, a estudante está na turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA), formada por adolescentes maiores de 15 anos. Ela garante que adora ir para a escola, pois o lugar faz parte da sua vida, gosta das professora e das atividades. “Eu gosto de pintar, escrever, fazer continhas e ir para a informática”, conta.
Maria participou, no último ano, do Baile de Debutantes do Rotaract Club de Venâncio Aires, no qual viveu seu dia de princesa. Ela ainda diz que gosta de ajudar a mãe em casa e adora conversar.
Atendimento multiprofissional e acolhimento
A Apae está há quase 40 anos em Venâncio Aires e, desde o início, se localiza na rua Barão do Triunfo. Com escola de ensino especial, assistência social e clínica, a instituição atende, em média, 280 crianças.
O processo para ingressar na Apae é a partir do um encaminhamento médico que leva para a avaliação, passando por psicóloga, neurologista, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, estimulação precoce e assistência social. Nem todas as pessoas que passam pela avaliação são encaminhadas para as turmas, algumas continuam indo apenas nas consultas médicas e, em alguns casos, são liberadas para frequentar escola regular.
A diretora Grazieli Cristina Winkelmann ressalta que a escola atua como todas as outras, porém, com um trabalho diferenciado, e acredita que, com o passar dos anos, muitos preconceitos já foram quebrados sobre a Apae. “A negação familiar teve uma melhora, ainda existe, mas diminuiu nos últimos anos”, comenta.
Grazieli explica, ainda, que o primeiro passo é acolher a família. “Tentamos sempre escutar o problema de cada família e acolher, para promover uma ajuda mais eficaz.”
AUTISMO
No início deste ano, a escola começou um projeto piloto, com a primeira turma específica para alunos com autismo. A mãe do aluno Gustavo, Vanessa Adelina Ferreira, reconhece que, no início, teve uma resistência, pois não conhecia a instituição, mas, depois que foi bem acolhida, passou a confiar e matriculou o filho. Segundo ela, em poucos meses, já foi possível perceber uma grande evolução. “Antes, ele não socializava, agora ele continua tímido, mas aos poucos está se soltando.”