Respeito, educação, princípio de convivência e mais segurança. São principalmente estas questões que balizam a opinião favorável dos que esperam ver, na prática, a Escola Cidade Nova como um modelo cívico-militar.
A implementação do programa estadual está cada vez mais perto de acontecer e vai virar realidade em 2022. Mas, antes que o venâncio-airense imagine uma mudança brusca ou que vai transformar o educandário em um quartel, é preciso entender que os policiais militares, que serão os monitores, não entram em sala de aula.
“O pedagógico segue sob responsabilidade da escola. Os monitores vão trabalhar no pátio, ajudar na formação de filas, nas regras e com a hora cívica, por exemplo. São questões básicas ao princípio de convivência, de educação. Além disso, vão trazer mais segurança aos alunos”, avaliou a diretora da Emef Cidade Nova, Rosemeri Cecília Beier.
Rosemeri conta que a preocupação com o respeito, as regras e a segurança vem desde 2009, quando ela assumiu a direção. Para começar, o alvo foi o intervalo do almoço, onde muitos professores não tinham folga porque as crianças da tarde chegavam muito cedo. “Foi um trabalho de formiguinha, que começamos com professores e depois os pais. Nada imposto, sempre conversando. Porque assim como as famílias fazem o intervalo, o professor também tem direito. Então as crianças começaram a chegar mais próximo do horário da aula.”
Quanto à segurança, a diretora conta que durante algum tempo a frente da escola era frequentada por pessoas estranhas à comunidade escolar. “Não eram estudantes, mas que ficavam lá, sem justificativa. E a gente sempre se preocupa com a questão das drogas e a violência.”
Apoio dos pais
Com certos valores já ‘inerentes’ à escola há muito tempo, a possibilidade de adotar, formalmente, um modelo cívico-militar na Cidade Nova fez brilhar o olho da comunidade. “Desde a primeira reunião fui uma das primeiras a apoiar. Respeito é algo que está se perdendo em toda sociedade e nas escolas precisamos de um ambiente disciplinado e seguro para nossos filhos”, destaca Rosilene Fátima da Silveira, presidente da Associação de Pais e Mestres (APM).
Segundo ela, a opinião é compartilhada pela maioria dos pais dos 285 alunos que atualmente estudam na Emef Cidade Nova. “De todos que conversei, gostaram e apoiam a proposta”, conta. Rosilene é mãe de João Victor, de 6 anos, que está no 1º ano, e de Nícolas, que tem 11 e, em 2022, estará no 6º ano, portanto, vai integrar o programa (veja box). “Acho que vai mudar para melhor, para a gente se sentir mais seguro”, opinou o menino.
Programa
Por decreto, desde 2020, a Emef Cidade Nova é chamada de Escola Municipal Cívico-Militar de Ensino Fundamental Cidade Nova. A mudança de nome aconteceu mesmo que o educandário ainda não tivesse aderido formalmente ao programa.
Com a troca de governo municipal, um ‘imbróglio’ na papelada atrasou o envio ao Estado. Mas essa situação já foi resolvida e o ofício de adesão ao modelo está em Porto Alegre. Dessa forma, o ano letivo 2022 já deve contar com o programa.
Segundo o coordenador das escolas cívico-militares do Rio Grande do Sul, Marcelo Borella, haverá um edital de chamamento público para policiais militares da reserva interessados em voltar à ativa. São eles que, após treinamento da Secretaria Estadual de Educação, serão os monitores. “Eles não entram na sala de aula. Atuam nos pátios, para ajudar com a disciplina, as regras e o respeito.”
O programa prevê que seja um monitor a cada 90 alunos. Dessa forma, com a previsão de 120 matriculados entre o 6º e 9º anos da Cidade Nova em 2022, a tendência é de que um profissional seja remanejado para a escola.
“A ideia, futuramente, é que o modelo seja implementado desde os primeiros anos, para que haja uma igualdade entre todos os alunos da escola”, projeta a diretora, Rosemeri Beier. Ela revela que, desde o ano passado, pessoas de outros bairros e até municípios têm procurado informações sobre possíveis matrículas, mas a prioridade são os alunos do próprio bairro.
O coordenador das escolas cívico-militares do Rio Grande do Sul, Marcelo Borella, explica que a escola terá até dois anos para adotar o uso de uniformes. “É camisa de botão, calça para meninos, calça ou saia para meninas, sapato e casquete [pequeno chapéu]. Para os professores, a recomendação é usar um jaleco branco.”
Conforme Borella, o salário dos monitores caberá ao Governo do Estado. Já a Prefeitura deverá custear, mensalmente, a Guia Especial de Retorno à Atividade (Gera) desse policial (cerca de R$ 1,4 mil), além dos uniformes dos alunos.
Tendência
O projeto na Cidade Nova é pioneiro na região e, além da escola venâncio-airense, há outras 16 no Rio Grande do Sul em processo. Em funcionamento, são 14 desde 2020. Para o coordenador, Marcelo Borella, a tendência é aumentar a procura a partir de agora. “O que vemos nas reuniões escolares é uma grande aprovação à ideia, porque a volta dos valores é um anseio da sociedade. É uma tendência nos próximos anos que todos os municípios gaúchos tenham alguma escola com o modelo cívico-militar.”