As árvores têm um papel essencial nas áreas próximas a rios, sangas ou arroios. No entanto, não basta plantar qualquer árvore na beira de um curso d’água. É importante que sejam espécies adequadas a esses locais. Entre as indicadas estão as espécies conhecidas popularmente como quebra-foice, sarandi, topete-de-cardeal e sarandi-vermelho.
De acordo com a bióloga Patrícia Renz, tratam-se de plantas adaptadas para o ambiente da mata ciliar, pois toleram inundações e umidade alta, conseguem ficar muito tempo submersas, além de serem plantas flexíveis, terem um tronco fino e se dobrarem com a força da água. Elas são classificadas como arbóreas e arbustivas. A maioria apresenta mais ramificações e raízes profundas, além de um sistema radicular que ajuda a segurar o solo onde foram plantadas.
A profissional observa que a inserção das espécies é feita por meio de mudas e algumas por semeadura direta e, em específico, o sarandi-vermelho pode ser inserido também através de estacas. A profundidade indicada é até o colo da planta (parte que fica pouco superior à raiz) estar enterrado. “Sempre é indicado estar mais profunda do que muito superficial e pode ser utilizado adubo orgânico, mas cuidar para não adicionar em excesso”, orienta Patrícia.
Estas plantas não precisam ficar muito afastadas, uma distância de 1,5 metro é o ideal. O motivo é por não serem espécies de grande altitude, e por isso, não têm problemas com a ‘competição’ de espaço.
Espécies indicadas para mata ciliar
• Terminalia australis (Sarandi-amarelo)
• Pouteria salicifolia (Mata-olho)
• Phyllanthus sellowianus (Sarandi-vermelho)
• Muellera campestris (Mueleira)
• Lonchocarpus nitidus (Rabo-de-bugio)
• Gymnanthes schottiana (Sarandi)
• Calliandra tweedii (Topete-de-cardeal)
• Calliandra brevipes (Quebra-foice)
Saiba mais
Muitas das árvores nas margens de rios e arroios ficam retorcidas e secas após as enchentes, aparentam até estarem mortas. No entanto, passado um período, voltam ao normal e geram novos brotes. “Todo esse processo faz parte da ecologia delas”, explica a bióloga Patrícia Renz.
Espécies não indicadas: o que não deve ser plantado próximo a rios e arroios
A bióloga Patrícia Renz explica que as árvores mais lenhosas, que não apresentam flexibilidade, não devem ser inseridas na linha da água. Como exemplos negativos estão as espécies açoita-cavalo, pata-de-vaca e as aroeiras. Essa última opção, a bióloga afirma que faz parte da comunidade vegetal da mata ciliar, mas não deve ficar próximo da água, pois não tem a capacidade de suportar as características do ambiente.
Além disso, espécies de grande porte, como araucárias, figueiras, até mesmo as canelas, ingás e jerivás também não são indicadas para margens de rios e arroios. “É preciso entender que nesses locais jamais se deve inserir espécies exóticas, pois além de acabarem apresentando uma dominância com o passar do tempo, também não apresentam as características para os locais de inundações”, argumenta a bióloga. Entre os exemplos exóticos estão o eucalipto, amora (Morus-nigra), uva-do-japão (Hovenia-dulcis) e o pinus.