A ida ao supermercado está cada vez mais cara. Após meses sucessivos de aumento no preço total, com quedas pouco significativas, o mês de abril está novamente com alteração que assusta os consumidores.
Neste mês, para adquirir os 38 produtos da lista de compras, são necessários R$ 427,44, ou 11,12% a mais que o mês de março, quando a média ficou em R$ 384,66. Na comparação com o mês de abril de 2021, a diferença é ainda mais significativa. No ano passado, o valor era de R$ 340,41, 25,5% a menos que agora.
Dos 38 itens, 30 tiveram acréscimo no valor e apenas oito caíram, conforme levantamento de preços feito na segunda-feira, 11, nos três supermercados utilizados como base para a pesquisa. A alteração mais significativa neste mês é a média do quilo do tomate, que passou de R$ 4,97 para R$ 12,60, o que corresponde a 153,5% de acréscimo.
Outros dois itens que estão com frequência na mesa das famílias e estão mais caros são o pão e o leite, ambos com aumento em abril. O preço do quilo do pão francês passou de R$ 7,15 para R$ 11,88, uma diferença de 66,15%. Já o leite passou de R$ 4,12 para R$ 4,68 – a diferença corresponde a 13,59%.
“DÓI NO BOLSO”
Os consumidores estão sentindo as diferenças de valores e a saída tem sido a criatividade na cozinha. A aposentada Adelia Watte, moradora do bairro União, diz que o jeito é deixar de comprar. Além disso, a busca por promoções é algo frequente. “Eu venho no supermercado quase todos os dias e vou comprando aos poucos, de acordo com as ofertas”, comenta.
Ela reforça que o aumento de preços é visto de uma maneira geral em todos os produtos, mas no caso das frutas e verduras está mais evidente. “Somos obrigados a deixar de comprar, não tem jeito. A solução é criatividade para mudar a receita”, reforça.
Pelo Instagram @folhadomate foi feita uma enquete sobre qual produto assustava mais o consumidor no momento da compra. Com a interação de mais de 60 pessoas, o produto com mais respostas foi o tomate, seguido por óleo, carne e hortifrutigranjeiros como um todo. Outros itens indicados foram ovos, farinha, café, leite e açúcar.
Série de fatores explica elevação
O economista e professor do Departamento de Gestão e Negócios da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Heron Sergio Moreira Begnis, explica que uma série de fatores explica a alta dos preços. É um reflexo da crise internacional que se soma na redução da atividade de produção acarretada pela pandemia de Covid-19 e a alta dos preços do petróleo e dos fertilizantes, que são impactos da guerra na Ucrânia, principalmente. “De outro lado, temos o aumento dos preços internacionais das commodities agrícolas em adição aos problemas climáticos das regiões de produção de alimentos in natura no Brasil”, acrescenta.
A respeito das frutas e hortaliças, o profissional salienta que é resultado do impacto da estiagem no Rio Grande do Sul e do excesso de chuvas na região Sudeste, onde se concentra a maior parte da produção brasileira destes itens. “Os produtos de limpeza são normalmente fabricados a partir de componentes da indústria petroquímica. Com a alta do preço do petróleo as matérias primas derivadas dessa fonte acompanhar as altas de preços”, observa.
COMO SUPERAR
A alta dos preços, de modo geral, está afetando diretamente a economia das famílias e, com isso, as taxas de endividamento também sofrem alterações. Begnis considera que este momento de falta de renda e necessidade de se manter leva as pessoas a tomarem decisões menos assertivas e a recorrer a mecanismos de financiamento dos seus gastos com elevados custos financeiros. “É muito difícil manter as contas em dia em um momento de forte achatamento do poder de compra”, observa.
Para passar por esse período de ‘sufoco’ sem tantos prejuízos, o economista orienta que, caso as contas do mês não possam ser cobertas pela renda da família, se recorra às modalidades menos caras de financiamento das dívidas, como empréstimos consignados, por exemplo. “Mas vale lembrar que a primeira opção deve ser o corte de gastos com o consumo não essencial”, salienta.